domingo, 28 de agosto de 2016
Adeus, democracia. Volte logo
Ela está quase porta afora.
Expulsa de casa pelos seus filhos mais pródigos: os políticos e o Ministério Público, que assumiu, sob o reinado de Sérgio Moro, a autoridade formal sobre o país, usando a Polícia Federal como sua guarda pretoriana e a mídia como sua legião romana.
A legalidade democrática vai embora, finalmente, de nosso país, depois de ter voltado, a duras penas, três décadas atrás.
Entramos num processo do qual não sabemos o fim.
Se uma presidenta eleita não teve firmeza para resistir às pressões dos políticos e dos mercados, aceitou seu jogo de chantagens e seu programa recessivo, como resistirá um governante que chega ao topo do poder à custa do compadrio generalizado e com a promessa de cortar e cortar a ação de um Estado que já é tímido e omisso em tantas das necessidades do povo brasileiro?
Os políticos e os partidos parecem não se dar conta disso, acostumados a ler a realidade através do que diz a mídia e o mercado.
Existe um outro Brasil, o qual esta gente não apenas despreza, mas que não compreende.
Que corre por debaixo, como um rio subterrâneo, da casca de realidade aparente.
Nos governos petistas, este Brasil ensaiou aparecer à superfície. Vai submergir, outra vez, sabe Deus por quanto tempo.
A destruição de Lula, que foi sua referência, é, por isso, o alvo central do projeto excludente e reacionário que volta, reconheçamos, porque as portas a ele foram abertas quando se adotou a lógica econômica anticrise que nunca funcionou e nunca funcionará, porque o Brasil não pode conviver com o atraso e a exclusão dos que pensam nele como um país para 30 ou 40% de seu povo.
Esta movimentação invisível, surda, oculta, cedo ou tarde vai aparecer e, quando aparece, é uma torrente que arranca pedaços das margens institucionais em que se tenta conte-la.
Ninguém, muito menos eu, sabe de que forma isso irá ressurgir, porque a natureza dos povos tem muito de insondável.
Os líderes são sempre menos que as massas que lideram, mas são catalizadores indispensáveis às transformações que elas geram.
Que os nossos, os que sobrevivem e os que virão, tenham a sabedoria de entender que não é deles a força, mas é do povo.
Estamos um pouco mais céticos, mas isso é bom.
Sabemos que a democracia não voltará pelas mãos dos que as enxotaram e que é preciso não perdê-la de vista, para que ela possa voltar.
Porque a causa conservadora, a que reduz o Brasil a um país chinfrim e seu povo a apenas uma parcela da população não pode viver muito tempo em presença de um regime que dá a toda a população o direito de exigir e o direito de decidir.
Por: Tijolaço
Homenagem a Cristovam: Temer suspende programa Brasil Alfabetizado
Assisti, com imensa tristeza, o papel desprezível de Cristovam Buarque, ontem, na inquirição das testemunhas no Senado.
Sinceramente, teria preferido se o senador tivesse, simplesmente, se escafedido até a hora de consumar seu gesto mesquinho de votar pela quebra da legalidade democrática apenas por seus rancores em relação ao PT, ao qual ele pertenceu e eu não.
Mas Cristovam não é apenas um covarde.
É alguém que quer glorificar sua pequenez.
Conseguiu.
In dubio pro societas, na dúvida favoreça-se a sociedade, disse ele na afetação intelectual com que a sordidez maquia-se.
A Folha de hoje grava sua testa a marca da traição ao que dizia ser.
A suspensão do Programa Brasil Alfabetizado, decretada por Michel Temer e executada pelo ministro que ocupa a pasta da Educação – não é possível chamar Mendonça Filho de ministro da Educação, perdoem – é o estigma de Caim, a merecida homenagem ao sub-Alexandre Frota que Buarque se tornou.
Já minguante por conta dos cortes orçamentários que tomaram, no cérebro do senador, o papel de prioridade que ele dizia dar à Educação, foi totalmente interrompido, diz o jornal:
“Começamos a inserir os nomes dos alunos em maio, mas, no início de junho, o MEC avisou que o sistema tinha sido fechado”, diz Tereza Neuma, diretora de políticas de Educação de Alagoas.
“As aulas começariam em setembro, mas suspendemos o processo após o bloqueio, em junho”, afirma Janyze Feitosa, gestora local do programa em Pernambuco.
“Em 2016, devido à suspensão do Programa Brasil Alfabetizado pelo MEC, as atividades letivas ainda não tiveram inicio”, disse a secretaria de Educação do Ceará.
Os governos de Piauí, Rio Grande do Norte e Bahia também relataram redução e descontinuidades dessa ação.
Chega a doer ouvir o seu sotaque nordestino justificar, em latim, a sua opção por Temer.
Não há no mundo nenhuma língua, viva ou morta, capaz de traduzir o seu papel com uma palavra melhor do que traidor.
Traidor da Educação, dos analfabetos, dos nordestinos, da democracia, do Brasil.
Seria melhor se fosse apenas um covarde.
Por: Tijolaço
Apesar de ironias, imagem 'para a história' da 'farsa ou golpe' pauta senadores
Parlamentares pró-impeachment acusam adversários de tentar “aparecer”. Mas não é de hoje que o documentário de Anna Muylaert e os editoriais do "Le Monde" desvendam o processo de impeachment
Brasília – A sexta-feira (26) foi tumultuada e os parlamentares fizeram um pacto de evitar confrontos acalorados daqui por diante. Mas as trocas de farpas não param e terminam sendo um dos principais pontos dos trabalhos no plenário hoje (27). Favoráveis e contrários ao impeachment se acusam mutuamente de tentar “aparecer para a mídia”. Ignorando que o que não falta no ambiente do Senado são câmeras – tanto das emissoras comerciais como da própria TV Senado, parlamentares pró-Temer tentam desqualificar a postura dos anti-impeachment. Alegam, que estariam motivados pela equipe da cineasta Anna Muyalert – diretora do filme Que Horas Ela Volta, que prepara documentário sobre os dias de Dilma Rousseff que antecederam à votação final.
Na verdade, a equipe da cineasta trabalha há várias semanas em Brasília. No dia em que parte da reportagem da RBA viajou à capital federal para entrevistar a presidenta no Palácio das Alvorada, em 6 de julho, Anna Muylaert e seu grupo estavam no mesmo avião que partiu de São Paulo. Dias depois, em outro evento, ela contou à reportagem sobre o projeto em andamento.
As críticas dos senadores mencionam palavras como “desespero” por ambos os lados e até comentários em tons diferentes sobre o editorial do jornal francês Le Monde, que chamou o processo de impeachment de “golpe ou fraude”.
Embora nos encontros reservados dos gabinetes e nas mesas do cafezinho o ambiente seja outro e todos se cumprimentem – algumas vezes, até, de forma acalorada – o clima levou até mesmo o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, a se desgastar e reclamar da diferença de estilo dos parlamentares em relação aos magistrados. Lewandowski confessou ao microfone, durante a sessão e depois, no intervalo, que estaria ficando cansado de pedir para ser respeitada a ordem dos trabalhos.
Na manhã de hoje, o início das divergências começou quando o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), que desde a quinta-feira só tem chamado o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) e as senadoras Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) de “meninos e meninas”, numa forma provocativa, disse que gostaria de pedir calma aos três. E acrescentou que estava achando um absurdo ver os parlamentares que apoiam a presidenta Dilma Rousseff, em vez de se aterem ao julgamento, demonstrarem maior preocupação com o documentário.
“Vejo muitos senadores aqui atuando quando chegam a esse microfone, como se fossem atores que estivessem carregando scripts embaixo do braço”, acusou. Cunha Lima também lembrou o confronto acalorado observado ontem (quando Renan Calheiros discutiu publicamente com Gleisi Hoffmann) e afirmou que estava pedindo calma aos colegas para evitar que o mesmo se repetisse, sobre o qual disse: “nem quero mais comentar como foi nem do que se tratou”.
“Então não comente”, rebateu de pronto Gleisi Hoffmann. Em seguida, mesmo com todos sabendo que o ponto nevrálgico da polêmica partiu da irritação dos senadores com a fala de Gleisi, na quinta-feira, de que nenhum senador tinha condições morais para votar o processo de impeachment, Fátima Bezerra (PT-RN) resolveu retomar a frase – embora de maneira mais amena.
‘Estatura ética’
Fátima aproveitou a deixa para afirmar que não via, entre vários dos senadores presentes, o que chamou de ‘estatura ética’ para condenar Dilma. "A agenda do golpe é a agenda da destruição de direitos, de sonhos, de esperanças", acrescentou, ao fazer perguntas ao ex-ministro da Fazenda Nelson Barbosa e chamar o processo de impeachment sem crime de responsabilidade de “infâmia contra a presidenta”.
Professora experiente, que saiu das salas de aula para a política, Fátima disse ainda que a presidenta Dilma, ao editar os decretos de crédito suplementar, “o fez dentro da legislação em vigor e para garantir as atividades de ações importantíssimas do governo na área da Educação”. "Foi para ajudar a manter as universidades federais, as escolas técnicas, a qualificação dos professores", afirmou, acrescentando que "há um golpe em curso e um ministro biônico da Educação que está promovendo um verdadeiro desmonte das políticas do setor".
Jorge Viana (PT-AC), por sua vez, observou que considera no mínimo estranha a preocupação dos senadores com o filme que está sendo produzido.
“Vocês culpam os petistas e demais parlamentares contrários ao impeachment pelas brigas, dizem que os petistas estão representando, mas quero lembrar que a imprensa do mundo inteiro está aqui. E lembrar mais: que durante o golpe de 1964, a imprensa internacional chegou a pedir desculpas ao Brasil por ter feito a cobertura de um golpe militar no país. Os repórteres internacionais não estão apenas registrando a fala dos petistas nem dos outros senadores contrários a esse processo, não. Estão registrando a conduta de todos nós”, ressaltou. leia mais
Por: Rede Brasil Atual
Brasília – A sexta-feira (26) foi tumultuada e os parlamentares fizeram um pacto de evitar confrontos acalorados daqui por diante. Mas as trocas de farpas não param e terminam sendo um dos principais pontos dos trabalhos no plenário hoje (27). Favoráveis e contrários ao impeachment se acusam mutuamente de tentar “aparecer para a mídia”. Ignorando que o que não falta no ambiente do Senado são câmeras – tanto das emissoras comerciais como da própria TV Senado, parlamentares pró-Temer tentam desqualificar a postura dos anti-impeachment. Alegam, que estariam motivados pela equipe da cineasta Anna Muyalert – diretora do filme Que Horas Ela Volta, que prepara documentário sobre os dias de Dilma Rousseff que antecederam à votação final.
Na verdade, a equipe da cineasta trabalha há várias semanas em Brasília. No dia em que parte da reportagem da RBA viajou à capital federal para entrevistar a presidenta no Palácio das Alvorada, em 6 de julho, Anna Muylaert e seu grupo estavam no mesmo avião que partiu de São Paulo. Dias depois, em outro evento, ela contou à reportagem sobre o projeto em andamento.
As críticas dos senadores mencionam palavras como “desespero” por ambos os lados e até comentários em tons diferentes sobre o editorial do jornal francês Le Monde, que chamou o processo de impeachment de “golpe ou fraude”.
Embora nos encontros reservados dos gabinetes e nas mesas do cafezinho o ambiente seja outro e todos se cumprimentem – algumas vezes, até, de forma acalorada – o clima levou até mesmo o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, a se desgastar e reclamar da diferença de estilo dos parlamentares em relação aos magistrados. Lewandowski confessou ao microfone, durante a sessão e depois, no intervalo, que estaria ficando cansado de pedir para ser respeitada a ordem dos trabalhos.
Na manhã de hoje, o início das divergências começou quando o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), que desde a quinta-feira só tem chamado o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) e as senadoras Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) de “meninos e meninas”, numa forma provocativa, disse que gostaria de pedir calma aos três. E acrescentou que estava achando um absurdo ver os parlamentares que apoiam a presidenta Dilma Rousseff, em vez de se aterem ao julgamento, demonstrarem maior preocupação com o documentário.
“Vejo muitos senadores aqui atuando quando chegam a esse microfone, como se fossem atores que estivessem carregando scripts embaixo do braço”, acusou. Cunha Lima também lembrou o confronto acalorado observado ontem (quando Renan Calheiros discutiu publicamente com Gleisi Hoffmann) e afirmou que estava pedindo calma aos colegas para evitar que o mesmo se repetisse, sobre o qual disse: “nem quero mais comentar como foi nem do que se tratou”.
“Então não comente”, rebateu de pronto Gleisi Hoffmann. Em seguida, mesmo com todos sabendo que o ponto nevrálgico da polêmica partiu da irritação dos senadores com a fala de Gleisi, na quinta-feira, de que nenhum senador tinha condições morais para votar o processo de impeachment, Fátima Bezerra (PT-RN) resolveu retomar a frase – embora de maneira mais amena.
‘Estatura ética’
Fátima aproveitou a deixa para afirmar que não via, entre vários dos senadores presentes, o que chamou de ‘estatura ética’ para condenar Dilma. "A agenda do golpe é a agenda da destruição de direitos, de sonhos, de esperanças", acrescentou, ao fazer perguntas ao ex-ministro da Fazenda Nelson Barbosa e chamar o processo de impeachment sem crime de responsabilidade de “infâmia contra a presidenta”.
Professora experiente, que saiu das salas de aula para a política, Fátima disse ainda que a presidenta Dilma, ao editar os decretos de crédito suplementar, “o fez dentro da legislação em vigor e para garantir as atividades de ações importantíssimas do governo na área da Educação”. "Foi para ajudar a manter as universidades federais, as escolas técnicas, a qualificação dos professores", afirmou, acrescentando que "há um golpe em curso e um ministro biônico da Educação que está promovendo um verdadeiro desmonte das políticas do setor".
Jorge Viana (PT-AC), por sua vez, observou que considera no mínimo estranha a preocupação dos senadores com o filme que está sendo produzido.
“Vocês culpam os petistas e demais parlamentares contrários ao impeachment pelas brigas, dizem que os petistas estão representando, mas quero lembrar que a imprensa do mundo inteiro está aqui. E lembrar mais: que durante o golpe de 1964, a imprensa internacional chegou a pedir desculpas ao Brasil por ter feito a cobertura de um golpe militar no país. Os repórteres internacionais não estão apenas registrando a fala dos petistas nem dos outros senadores contrários a esse processo, não. Estão registrando a conduta de todos nós”, ressaltou. leia mais
Por: Rede Brasil Atual
No pódio da desfaçatez: o ouro vai para...?
Com tantos escândalos de corrupção aparecendo e desaparecendo da mídia, parece que as principais figuras da direita estão disputando o pódio da desfaçatez
A crise aberta no Judiciário brasileiro, com as acusações do ministro Gilmar Mendes ao Ministério Público, de abuso de autoridade, vazamentos e apologia de métodos ilegais na obtenção de provas da Lava Jato – respondida com dura nota da AMB, a Associação de Magistrados Brasileiros (confira a íntegra) - adicionou nitroglicerina pura ao ambiente já tenso da política nacional, na semana decisiva do processo de impeachment da Presidenta Dilma Rousseff.
Uma capa leviana – mais uma – da revista Veja, lançando injustificável sombra de suspeita sobre o ministro do STF, José Antonio Dias Toffoli, motivou o bombardeio de Gilmar Mendes. A toga mais falante do país morde o próprio rabo, porém, ao criticar – corretamente – o abuso do método e do poder ilimitado do juiz e dos procuradores da Lava Jato.
‘São cretinos os que defendem o uso de meios ilícitos na obtenção de provas; no limite vamos admitir a tortura de boa fé?’, fuzilou o ministro do STF. Aplausos merecidos. Exceto por um detalhe: a condenação se aplica a boa parte do que tem sido as ações cometidas pelo aparato de Curitiba contra integrantes do PT e do governo, incluindo-se o ex-presidente Lula e a presidenta Dilma.
O fato de Gilmar sentir-se confortável no convívio com ilegalidades dessa natureza, ou piores, enquanto a vítima eram os ‘vermelhos, os bolivarianos’, escancara os fios esgarçados do Estado de Direito na antessala de se cometer a maior de todas as transgressões dessa série: a cassação de uma Presidenta honesta, vítima de uma aliança da mídia com a escória, o dinheiro e o judiciário partidarizado. Leia mais
Por: Carta Maior
A crise aberta no Judiciário brasileiro, com as acusações do ministro Gilmar Mendes ao Ministério Público, de abuso de autoridade, vazamentos e apologia de métodos ilegais na obtenção de provas da Lava Jato – respondida com dura nota da AMB, a Associação de Magistrados Brasileiros (confira a íntegra) - adicionou nitroglicerina pura ao ambiente já tenso da política nacional, na semana decisiva do processo de impeachment da Presidenta Dilma Rousseff.
Uma capa leviana – mais uma – da revista Veja, lançando injustificável sombra de suspeita sobre o ministro do STF, José Antonio Dias Toffoli, motivou o bombardeio de Gilmar Mendes. A toga mais falante do país morde o próprio rabo, porém, ao criticar – corretamente – o abuso do método e do poder ilimitado do juiz e dos procuradores da Lava Jato.
‘São cretinos os que defendem o uso de meios ilícitos na obtenção de provas; no limite vamos admitir a tortura de boa fé?’, fuzilou o ministro do STF. Aplausos merecidos. Exceto por um detalhe: a condenação se aplica a boa parte do que tem sido as ações cometidas pelo aparato de Curitiba contra integrantes do PT e do governo, incluindo-se o ex-presidente Lula e a presidenta Dilma.
O fato de Gilmar sentir-se confortável no convívio com ilegalidades dessa natureza, ou piores, enquanto a vítima eram os ‘vermelhos, os bolivarianos’, escancara os fios esgarçados do Estado de Direito na antessala de se cometer a maior de todas as transgressões dessa série: a cassação de uma Presidenta honesta, vítima de uma aliança da mídia com a escória, o dinheiro e o judiciário partidarizado. Leia mais
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