O PMDB, o eterno governista, que vive na base do hay gobierno, soy favorable (se há governo, sou favorável), chegou tarde à coligação que elegeu o atual governador do Pará.
Mesmo assim, o PMDB governista, aquele que em tudo e por tudo contraria a velha - mas sempre atual - máxima hay gobierno, soy contra, insiste em meter na cabeça de todo mundo que precisa ser aquinhoado com cargos, benesses e privilégios porque integrou a coligação vitoriosa na eleição de 2010 para o governo do Pará.
O PMDB engana todo mundo. E tem tudo para cometer atrozes enganos quem ainda tenta se iludir com essa patranha de que o PMDB precisaria ser brindado com benesses de toda ordem porque apoiou, na campanha do ano passado, a coligação vitoriosa para o governo do Estado.
Até onde se sabe, o vitorioso se elegeu sem o apoio do PMDB.
Até onde alcança a visão política decorrente desse fato, os vitoriosos na eleição de 2010 têm tudo para fazer um governo independente.
Até onde os horizontes permitem distinguir cenários facilmente perceptíveis, ninguém consegue colher razões plausíveis para que tenham sido sido firmados, com o PMDB, compromissos que poderiam ser plenamente evitados, rechaçados, rejeitados, porque repulsivos à lógica dos fatos e à transparência que todos esperam do candidato vitorioso.
E até onde se pode projetar, com base na fria análise dos fatos e na vida pregressa - ou seria com base na ficha corrida? - do PMDB do Pará, absolutamente nada indica que esse partido não venha a fazer com o governo atual o mesmo que fez com o governo anterior, que sofreu, entre outras coisas, todo tipo de boicotes dos tais aliados peemedebistas.
É fato que o PMDB entrou de gaiato no navio vitorioso. Pôs para funcionar os radares de seu inequívoco senso de oportunismo - que os cínicos deram para chamar de faro político - e embarcou na coligação que seria vitoriosa assim que se esboçaram reais possibilidades de vitória.
O PMDB, notoriamente, só embarcou de gaiato no navio da coligação vitoriosa depois que resolveu, na disputa do primeiro turno, testar suas próprias possibilidades. Testando-as, caiu na real: as urnas mostraram que o PMDB bom de voto, que o PMDB maior partido do Pará, que o PMDB imbatível é um PMDB que só existe nas deslumbrantes ficções armadas pela arrogante liderança do partido, que se diverte produzindo lorotas e parece ficar dominada por prazeres orgiásticos quando encontra algum público que acredita nelas.
As urnas mostraram que o PMDB bom de voto não passou de um pífio, de um ridículo terceiro lugar na eleição para o governo do Estado.
As urnas mostraram que o eleitorado conhece bem o PMDB. E tanto conhece que mostrou sua repulsa por um candidato ao governo que se fez notar, nos quatro anos em que presidiu a Assembleia Legislativa, por uma gestão na qual se operaram fraudes escandalosas na folha de pessoal da Casa.
É esse o PMDB digno de ser aquinhoado com banesses?
E esse o partido que a coligação vitoriosa quer mesmo para seu aliado?
Um partido como esse merece que se firmem com ele compromissos capazes de reverter para o bem da coletividade?
Um partido como esse, que agora se empaturra no banquete com que nutre o seu insaciável governismo, é capaz de merecer algum crédito de um governo que poderia optar pela independência, eis que, muito embora tendo admitido o PMDB na sua coligação, não precisou da legenda para vencer o pleito do ano passado?
Um partido como o PMDB do Pará - subjugado há décadas pelo comando de gente que a Ficha Limpa tornou inelegível e tem uma trajetória política que trafega ao rés do chão da corrupção - fez afinal de contas o quê, para receber mais benesses, mais cargos, mais privilégios do que os aliados de primeira hora da coligação vitoriosa no ano passado?
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