
O objeto de tamanha onda de louvor? Osama Bin Laden.
O concurso pode ter parecido fora do lugar aqui na Universidade de Punjab, prestigiada instituição com um século de existência nesta cidade do leste paquistanês conhecida como a capital artística e cultural do país. Afinal de contas, no campus não aconteceram protestos denunciando a morte de Bin Laden, morto durante um ataque noturno pelos SEALs da marinha americana em Abbottabad, cidade setentrional e permanentemente guarnecida.
Porém o mais surpreendente não foi o concurso em si, pelo menos não em uma população onde, segundo uma pesquisa realizada em junho pelo Pew Research Center, 65 por cento das pessoas desaprovaram a operação que matou o líder terrorista.
De fato, a maior surpresa foi exatamente o oposto: de que os organizadores do evento preferiram permanecer anônimos, disponibilizando apenas um endereço de e-mail para o envio dos trabalhos.
Durante mais de três décadas, o campus da Universidade de Punjab tem sido o reduto de um grupo de estudantes islâmicos conhecido por Islami Jamiat Talaba. O grupo, que impõe suas interpretações islâmicas aos estudantes, baniu efetivamente as atividades musicais e culturais, reprime a interação entre homens e mulheres fora das salas de aula e seus vigilantes regularmente atacam os estudantes que são vistos ao lado das suas colegas.
Estudantes foram hospitalizados, um dormitório foi invadido por adeptos empunhando armas e a literatura pró-jihadista e antiocidental é facilmente disponibilizada.
Seria mais do que natural imaginar que o Jamiat, nome pelo qual o grupo estudantil é comumente chamado, não apenas organizaria a competição, como também sentiria orgulho em fazê-lo.

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