segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

STF AFASTA RENAN DA PRESIDÊNCIA DO SENADO

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello concedeu liminar nesta segunda-feira (5) para afastar Renan Calheiros (PMDB-AL) da presidência do Senado; ele atendeu a pedido do partido Rede Sustentabilidade e entendeu que, como Renan Calheiros virou réu, não pode continuar no cargo em razão de estar na linha sucessória da Presidência da República; após a decisão de afastar o peemedebista da presidência do Senado, Marco Aurélio deverá levar a decisão liminar (provisória) a referendo do plenário do Supremo, o que ainda não tem data para ocorrer; o senador Jorge Viana, do PT, é quem assume a presidência do Senado; sem Renan, Temer terá dificuldades para fazer tramitar seu pacote de ajuste fiscal, que inclui elevar a Reforma da Previdência, que castiga os mais pobres e mantém privilégios dos mais ricos
 O mInistro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello concedeu liminar nesta segunda-feira (5) para afastar Renan Calheiros (PMDB-AL) da presidência do Senado. A decisão foi resposta a pedido do Rede Sustentabilidade. Ele entendeu que, como Renan Calheiros virou réu, não pode continuar no cargo em razão de estar na linha sucessória da Presidência da República.

Após a decisão de afastar o peemedebista da presidência do Senado, Marco Aurélio deverá levar a decisão liminar (provisória) a referendo do plenário do Supremo, o que ainda não tem data para ocorrer.

"Defiro a liminar pleiteada. Faço-o para afastar não do exercício do mandato de Senador, outorgado pelo povo alagoano, mas do cargo de Presidente do Senado o senador Renan Calheiros. Com a urgência que o caso requer, deem cumprimento, por mandado, sob as penas da Lei, a esta decisão", afirma o ministro.

Na semana passada, o plenário do Supremo decidiu, por oito votos a três, abrir ação penal e tornar Renan réu pelo crime de peculato (apropriação de verba pública).

Abaixo matéria da Agência Brasil:

Ministro do STF afasta Renan Calheiros do cargo de presidente do Senado

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio decidiu hoje (5) afastar o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), do cargo da presidente. O ministro atendeu a um pedido liminar feito pela Rede Sustentabilidade na manhã desta segunda-feira.

O pedido de afastamento foi feito pelo partido após a decisão proferida pela Corte na semana passada, que tornou Renan réu pelo crime de peculato. De acordo com a legenda, a liminar era urgente porque o recesso no Supremo começa no dia 19 de dezembro, e Renan deixará a presidência no dia 1º de fevereiro do ano que vem, quando a Corte retorna ao trabalho.

“Defiro a liminar pleiteada. Faço-o para afastar não do exercício do mandato de Senador, outorgado pelo povo alagoano, mas do cargo de Presidente do Senado o senador Renan Calheiros”, decidiu o ministro Marco Aurélio.

Julgamento

No mês passado, a Corte começou a julgar a ação na qual a Rede pede que o Supremo declare que réus não podem fazer parte da linha sucessória da Presidência da República. Até o momento, há maioria de seis votos pelo impedimento, mas o julgamento não foi encerrado em função de um pedido de vista do ministro Dias Toffoli.

Até o momento, votaram a favor de que réus não possam ocupar a linha sucessória o relator, ministro Marco Aurélio, e os ministros Edson Fachin, Teori Zavascki, Rosa Weber, Luiz Fux e Celso de Mello.

Em nota divulgada na sexta-feira (2), o gabinete de Toffoli informou que o ministro tem até o dia 21 de dezembro para liberar o voto-vista, data na qual a Corte estará em recesso.

Por: Brasil247

terça-feira, 18 de outubro de 2016

“Será apenas Lula a pagar”: o diagnóstico mortal do autor do livro que Moro prefaciou. Por Kiko Nogueira

 O jornalista italiano Gianni Barbacetto (dir.), autor de “Operação Mãos Limpas”, janta com Moro 
Sérgio Moro deve estar arrependido de ter escrito o prefácio do livro “Operação Mãos Limpas – A verdade sobre a operação italiana que inspirou a Lava-Jato”.

Numa entrevista para a Zero Hora, um dos autores, Gianni Barbacetto (os outros são Peter Gomez e Marco Travaglio), teceu críticas à atuação de Moro.

Se o juiz brasileiro não engoliu uma coluna de jornal, não é difícil imaginar como deve estar encarando as observações do autor de uma obra para a qual ele, Moro, contribuiu com um texto.

Reproduzo um trecho da conversa de Barbacetto com Léo Gerchmann:

Na Itália, todos os partidos da época foram atingidos – a maioria até mesmo deixou de existir. No Brasil, aparentemente, o partido afetado, em termos de imagem, é só o PT. Por que isso está ocorrendo?

Na Itália, após a Mãos Limpas, desapareceram cinco partidos do governo, e um partido de oposição mudou de nome e de programa. Isso aconteceu porque os cidadãos, depois que souberam da corrupção através das investigações conduzidas pelos magistrados, não quiseram mais votar nesses partidos. Isso levou ao surgimento de novos partidos e mudou todo o sistema político, nasceu naquele momento na Itália o que se denomina a “Segunda República”. Na realidade, em seguida, descobrimos que os novos partidos nada mais eram do que os velhos reciclados. Apesar de saber pouco sobre a situação brasileira, estou surpreso que apareçam acusações só contra o PT e seu líder Lula, porque parece-me que todo o sistema está envolvido pela corrupção.
Outro:

O PMDB, partido do vice que sucedeu a presidente, se envolveu nos episódios de corrupção. Isso não marca uma diferença em relação ao caso italiano?

Sim, na Itália houve, após a Mãos Limpas, uma mudança total do sistema político. Só depois percebemos que a mudança era apenas aparente e que a vitória de Berlusconi (que até então era um “novo” político), na verdade, garantiu uma certa continuidade do sistema anterior. No Brasil, porém, parece-me que desde o início o sistema continua como antes e será apenas Lula a pagar.


Barbacetto deixa claro que não conhece profundamente o que ocorre aqui. O que ele está enxergando, portanto, é algo impossível de não se notar até para um neófito: a seletividade persecutória.

O Brasil é o país da jabuticaba. Dentre as coisas que só aqui dão, produzimos uma versão da Mãos Limpas ignorando os alertas de que, na Itália, tudo desembocou no picareta Silvio Berlusconi.

Resta uma opção: Barbacetto é petraglia. E sustentado pelo Foro de São Paulo. Vai quê.



Fonte Diário do centro do mundo


TEMER PEDE PARA SUSTAR JULGAMENTO DE ILEGALIDADE DE CONCESSÃO DE RÁDIO E TV A POLÍTICOS

A Advocacia Geral da União (AGU) do governo de Michel Temer pediu ao Supremo Tribunal Federal a suspensão do andamento de todos os processos e decisões judiciais sobre a concessão para operar de rádio e televisão a empresas (e sua renovação) que tenham parlamentares como sócios até o julgamento do tema pela corte.

Uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) sobre o caso foi apresentada pelo PSOL em dezembro passado, pedindo que o Supremo declare a concessão para políticos inconstitucional.

No final do ano passado, 40 parlamentares tinham concessões, entre eles, Aécio Neves (MG), Edison Lobão, José Agripino Maia, Fernando Collor, Jader Barbalho, Tasso Jereissati e o hoje ministro Sarney Filho.

Como lembra o jornalista Fernando Brito, do Tijolaço, ao comentar reportagem do Valor Econômico sobre o assunto: "Ter 'base' parlamentar tem um preço" (veja aqui).

Fonte Brasil 247

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Economistas rejeitam ultimato e propõem alternativa à PEC 241

 Diagnósticos equivocados e argumentos falaciosos buscam na verdade subordinar a sociedade, definitiva e permanente, à supremacia da lógica rentista.


LANÇAMENTO: Dia 10 de outubro próximo,  na Câmara de Deputados.

Desde o final de 2014 a sociedade brasileira vem sendo  coagida a acreditar que não há alternativa ao suicídio, exceto o juízo final diante dos mercados.

A austeridade fiscal, rebatizada sugestivamente de 'austericídio' no continente europeu, onde vigora há mais  tempo -- e com resultados sabidos, tem sido prescrita aqui para um metabolismo econômico de sinais vitais declinantes.

A partir do golpe parlamentar de 31 de agosto, a dose transmudou-se em purga radical.
 Indiferente à perda de pulso do doente espremido entre a conjura conservadora e o esgotamento de um ciclo de desenvolvimento, os científicos da austeridade cobram rigor redobrado na terapia.

Prescreve-se, entre outras coisas, 20 anos de coma induzido através da PEC 241, a PEC da Maldade, que atinge o coração da Constituição Cidadã de 1988, ferindo de morte qualquer espaço de ganho real para o guarda-chuva de direitos  inscrito na Carta que completa 28 anos este mês.

Ao contrário de reagir, a nação deriva.

Diagnósticos equivocados e argumentos falaciosos buscam na verdade subordinar a sociedade, definitiva e permanente, à supremacia da lógica rentista.

O resultado é a imposição de um outro projeto de país, que rasga princípios e valores pactuados na Assembleia Coinstituinte de1987, sem a consulta à cidadania diretamente atingida pelo desmanche ardiloso da Carta Cidadã.

O documento “Austeridade e Retrocesso: Finanças Públicas e Política Fiscal no Brasil”, de iniciativa do Fórum 21, Fundação Friedrich Ebert, GT de Macro da Sociedade Brasileira de Economia Política (SEP) e Plataforma Política Social apresenta uma análise aprofundada dessa encruzilhada.

Nele, o desafio fiscal é dissecado, apontando-se seus problemas reais, denunciando-se as falácias e  mitos que sustentam um discurso supostamente 'técnico', na verdade atrelado a  interesses políticos.leias mais  
 Leia o Documento 

Fonte : Carta Maior

Bob Fernandes/Teori e os "espetáculos". E o "guarda da esquina"

 Notícias desta quarta, 5: Polícia Federal indicia Lula por contratos do sobrinho em Angola.
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Polícia Federal vai investigar corrupção na compra de usinas termoelétricas no governo Fernando Henrique.
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Em depoimento antigo, que não foi além da internet, Cerveró, ex-diretor da Petrobras, disse:
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-A Brasken, da Odebrecht, é um escândalo do governo Fernando Henrique, não foi o Lula que inventou, e não sei por que não investigam...
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Notícia de Bela Megale, na Folha, sobre fato real: "Polícia Federal se opõe a novas delações premiadas na Lava Jato".
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Querem mesmo igualdade real, e não ficção, na investigação de toda corrupção multipartidária? Querem mesmo ir além de vazamentos de ocasião? É simples.
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Deixem OAS e Odebrecht revelar o que sabem sobre suas relações com presidentes, governadores, prefeitos, legislativos...
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O DNA disso, óbvio, já está nos computadores, planilhas e dados apreendidos.
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A propósito: o ministro Teori Zavascki atacou o mais recente espetáculo encenado. Aquele do procurador Dallagnol e demais à frente do PowerPoint.
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Teori manteve em Curitiba os processos contra Lula.
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Mas disse que, ao contrário do fartamente anunciado por procuradores, "não existe" investigação contra Lula por "liderar organização criminosa". Disse mais:
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-Essa espetacularização não é compatível nem com o objeto da denúncia nem com a seriedade que se exige...
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E dai? Dai nada. O estrago já foi feito. Por duas horas ao vivo, e nas infindáveis reprises e manchetes Brasil e mundo afora. E isso na reta final das eleições.
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Eleições num ambiente que cobrou as Forças Armadas em mais de 400 cidades. Num ano em que foram assassinados 98 candidatos, secretários ou militantes políticos.
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Ao manter arquivamento de processo disciplinar contra o juiz Moro, juízes defenderam: "Problemas inéditos exigem soluções inéditas".
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Em 1968 a ditadura decretou o AI-5, um conjunto de poderes excepcionais. Uma "solução inédita" para "problemas inéditos".
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Cobrado sobre sua discordância com o AI-5, o vice-presidente Pedro Aleixo, um civil, com metáfora alertou para os (d)efeitos inevitáveis:
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-O problema é o guarda da esquina.

Fonte: Jornal da Gazeta

Bob Fernandes/ "Não à Política" avança. PSDB vence, PT afunda.

 Alckmin teve estrondosa vitória com Dória no 1º turno. Larga na frente para 2018.
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Terá que tourear egos e apetites do PSDB, grande vencedor desta eleição... Mas, isso é bem melhor do que uma derrota.
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Alckmin tem o PSB do seu vice, Marcio França, como alternativa e espantalho para impor-se no tucanato.
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Aécio ainda comanda o partido e se fortalece se João Leite vencer em Belo Horizonte. Serra, que não desiste, à revelia do PSDB perdeu com Matarazzo e Marta.
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Muito dependerá dos rumos da Lava Jato. Por ora, camburões da Lava Jato mantem fechadas portas do lado direito.
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Marcelo negocia delação. Se quiserem mesmo saber o que ele sabe, e indicam planilhas da Odebrecht, baixas para 2018 serão ampliadas.
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Grande derrotado, o PT já chegou às urnas encolhido. Disputou mil prefeituras menos do que em 2012. E perdeu 60% das suas 644 prefeituras.
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Derrota antecipada pelo desastre econômico. Desastre esse antecedido e inflado pelo desastre no território ético.
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O PT fez o que por décadas mostrou que os demais faziam. Por isso agora pagou dobrado pelo que os demais compram, ou vendem.
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O "Mensalão" está nas manchetes há 10 anos. O "Petrolão" há três.
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E o PT se queixa: instituições da chamada Grande Mídia têm lado. Enquanto magnificam erros do PT escondem ou minimizam erros de aliados tradicionais.
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Onde está a novidade? Por que, em 13 anos no Poder, o PT não convocou a sociedade para, ao menos, debater regulação econômica que impeça monopólios no setor?
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Porque apostou na conciliação com quase tudo e todos. E nisso PMDB e similares são insubstituíveis.
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O PMDB, apesar de derrotas como a de Paes e seu Pedro Paulo no Rio, segue com maior número de prefeitos. Isso conta para 2018, inclusive para o Congresso.
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Há outro grande vitorioso. Em São Paulo, votos brancos e nulos ganharam de Haddad.
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Dória venceu anunciando "Não ser Político". Por 11.147 votos ele perdeu para abstenção, brancos e nulos.
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Estes somados, 38,5% dos paulistanos disseram "Não à Política". No Rio, 42,5% disseram "Não á Política".

Fonte: Jornal da Gazeta

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Os 10 pontos que explicam o Novo Sistema Mundial

 Precisamos tomar consciência das rápidas evoluções em curso e refletir sobre a possibilidade de que cada um de nós pode intervir de alguma forma.


Como é o Novo Sistema Mundial? Quais são suas principais características? Que dinâmicas estão determinando o funcionamento real do nosso planeta? Que características dominarão os próximos 15 anos, de aqui até 2030?

Para tentar descrever este Novo Sistema Mundial e prever seu futuro imediato, vamos a utilizar a bússola da geopolítica, uma disciplina que nos permite compreender o jogo das potências e avaliar os principais riscos e perigos. Para antecipar, como num tabuleiro de xadrez, os movimentos de cada potencial adversário.

O que essa bússola nos diz?
  O declínio do Ocidente

A principal constatação é o declínio do Ocidente. Pela primeira vez desde o Século XV, os países ocidentais estão perdendo poderio diante da ascensão das novas potências emergentes. Começa a fase final de um ciclo de cinco séculos de dominação ocidental do mundo. A liderança internacional dos Estados Unidos se vê ameaçado hoje pelo surgimento de novos polos de poder (China, Rússia, Índia) a escala internacional. O “rebaixamento estratégico” dos Estados Unidos já começou. O “século americano” parece chegar ao fim, ao mesmo tempo em que vai se desvanecendo o “sonho europeu”…

Embora os Estados Unidos continuem sendo uma das principais potências planetárias, está perdendo sua hegemonia econômica paulatinamente, com o crescimento da China, e já não exercerá sua “hegemonia militar solitária” como fez desde o fim da Guerra Fria. Caminhamos em direção a um mundo multipolar, no qual os novos atores (China, Rússia e Índia) têm vocação de constituir sólidos polos regionais para disputar a supremacia internacional com Washington e seus aliados históricos (Reino Unido, França, Alemanha, Japão).

Na terceira linha aparecem as potências intermediárias, com demografias em alta e fortes taxas de crescimento econômico, que podem se transformar também em polos hegemônicos regionais, com talvez, se mantiverem essa tendência nos próximos quinze anos, em um grupo de influência planetária. São os casos de Indonésia, Brasil, Vietnã, Turquia, Nigéria e Etiópia.

Para se ter uma ideia da importância e da rapidez da queda de prestígio do Ocidente, basta observar estas duas cifras: parte dos países ocidentais que hoje representam 56% da economia mundial serão apenas 25% em 2030 – em menos de quinze anos, o Ocidente perderá mais da metade de sua preponderância econômica. Uma das principais consequências disso é que os Estados Unidos e seus aliados já não terão os meios financeiros para assumir o rol de guardiães do mundo. Desse modo, esta mudança estrutural poderia debilitar o Ocidente de forma duradoura.

O inabalável crescimento da China

O mundo se “desocidentaliza” rapidamente, e é cada vez mais multipolar. Nesse cenário, se destaca, uma vez mais, o papel da China, que emerge como a grande potência do Século XXI. Embora a China se encontre ainda longe de representar um autêntico rival para Washington, por enquanto. Em parte, a estabilidade do novo candidato a império não está garantida, porque coexistem em seu seio o capitalismo mais salvagem e o comunismo mais autoritário. A tensão entre essas duas dinâmicas causará, cedo ou tarde, uma quebra que poderia debilitar o seu poder.

De qualquer forma, neste 2016, os Estados Unidos continuam exercendo uma indiscutível dominação hegemônica sobre o planeta. Tanto em termos de domínio militar (fundamental) como em vários outros setores cada vez mais determinantes: em particular, o tecnológico (Internet) e o soft power (cultura de massas). O que não significa que a China não tenha realizado prodigiosos avanços nos últimos trinta anos. Nunca na história, nenhum país cresceu tanto em tão pouco tempo.continuar lendo

Fonte,Carta Maior

PT afirma que derrota eleitoral deve servir para 'reorganizar o partido

  
Documento também reforça a importância do apoio aos candidatos do Psol, PCdoB, Rede e PDT que estão no segundo turno da disputa eleitoral

São Paulo – A Comissão Executiva Nacional do PT divulgou nota oficial hoje (5), após reunião em Brasília, abordando o resultado eleitoral do último domingo (2). Com 18 pontos, a nota traz ponderações sobre a ofensiva midiática contra o partido desde a Ação Penal 470 até os dias que antecederam a eleição, aborda o inconformismo dos partidos derrotados na reeleição de Dilma Rousseff, em 2014, e também reconhece os próprios erros, cometidos antes e durante o processo eleitoral. “Analisá-los e extrair lições para recuperar o terreno perdido é uma tarefa autocrítica, a começar pela direção partidária – que não se exime de suas responsabilidades – e abrir-se para o conjunto da militância”, diz a nota.

O texto destaca que a “derrota profunda do campo democrático-popular”, principalmente do PT, nas eleições municipais, deve ser analisada no contexto negativo iniciado após a eleição de 2014, “quando os derrotados passaram a sabotar o governo e a empenhar-se na sua deposição”. “O aprofundamento da crise econômica a partir de 2015, a criminalização do PT e a ação corrosiva da mídia monopolizada erodiram a base eleitoral progressista, provocando forte recuo da influência petista sobre administrações locais e legislativos municipais.”

O texto critica a reforma política comandada pelo ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmando que a redução do tempo de campanha e dos programas de rádio e TV prejudicou a possibilidade de enfrentar os candidatos de direita. Ao mesmo tempo, o partido reconhece que o partido não conseguiu apresentar listas mais amplas de candidaturas a prefeito e vereador, “o que já prenunciava uma redução numérica que, afinal, superou as expectativas mais pessimistas, sobretudo nas grandes cidades e em municípios que já governamos”.

O partido declara apoio a todos os candidatos do Psol, do PCdoB, da Rede e do PDT que disputarão o segundo turno das eleições nas capitais, além de reforçar a importância das sete candidaturas petistas que ainda estão na disputa, em Recife, Juiz de Fora, Santo André, Mauá, Vitória da Conquista, Santa Maria e Anápolis. “É decisivo envidar esforços para unir o eleitorado democrático e popular, abrindo nossas campanhas para todos e todas que desejarem compartilhar dessa empreitada.”

O documento encerra ressaltando a importância da mobilização das bancadas de oposição na Câmara e no Senado contra a PEC 241, o projeto de lei do pré-sal e a medida provisória da reforma do ensino médio, e reafirma que a recente derrota eleitoral deve servir para reorganizar o PT. “Sem minimizar o resultado desfavorável, encaramos a perda como uma batalha no processo de resistência democrática e de reorganização do PT e do campo popular. Da derrota, extrairemos lições que possibilitem reorientar nossa prática, a fim de recuperar a confiança política dos trabalhadores, da juventude, das mulheres, dos intelectuais, acumulando forças para retomar o projeto de transformação social que constitui nossa razão de ser.”

Leia a íntegra

Por : Rede Brasil Atual

Após ato na Câmara, trabalhadores mantêm protesto em Brasília contra medidas de Temer


Representantes de várias categorias fizeram ato para discutir matérias do governo Temer que representam perdas. Eles seguem concentrados ao lado do Ministério do Planejamento até o final do dia 

Brasília – Deputados, representantes de entidades da sociedade civil, movimentos sociais e sindicalistas protestaram hoje (5), durante ato público realizado na Câmara dos Deputados, contra propostas do governo Michel Temer que chamam de “desmonte do Estado”. Dentre as matérias, destacam-se a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que congela os gastos públicos por 20 anos, o Projeto de Lei (PL) 4.567, referente à flexibilização do pré-sal, e a Medida Provisória (MP) 746, que reforma o ensino médio no país. O protesto enfatizou o ataque à PEC 241, analisada por especialistas em contas públicas e sobre a qual foram mostrados prejuízos a serem observados em políticas importantes para o país.

Outro grupo de trabalhadores, organizado pela CUT e movimentos sociais de todo o país, está concentrado próximo ao Congresso, desde as 8h, no chamado espaço do servidor público, localizado ao lado do Ministério do Planejamento.  Eles continuam o protesto contra a PEC 241 e chamam a atenção para outras matérias encaminhadas pelo Executivo ao Congresso, tidas como igualmente danosas para o Brasil.

Fazem parte do movimento petroleiros (que estão em Brasília acompanhando a discussão e votação do PL 4.567), integrantes do Comitê Nacional de Defesa das Empresas Públicas, vários representantes dos bancários – categoria que está há quase 30 dias em greve na luta por melhoria salarial –, integrantes da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e servidores públicos, dentre outros trabalhadores.

“Ao propor que os investimentos públicos fiquem limitados, durante 20 anos, pelo índice inflacionário do ano anterior, a PEC 241 fere de morte os princípios e normas constitucionais que apontam para o desenvolvimento integrado e sustentável na perspectiva da igualdade e da justiça social”, disse o deputado Patrus Ananias (PT-MG).

“À luz das limitações estabelecidas pela PEC, não é difícil prever o futuro do Benefício da Prestação Continuada (BPC), do Bolsa Família e de outras políticas públicas de assistência social e de segurança alimentar. Não restará nada. O desmonte das políticas públicas sociais, especialmente daquelas mais diretamente voltadas para a promoção dos pobres, leva ao desmonte do próprio Estado nacional brasileiro”, afirmou o deputado, um dos coordenadores do evento na Câmara e integrante da comissão especial que aprecia a proposta.

A coordenadora do Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas, Maria Rita Serrano, disse que “entregar o pré-sal ao capital estrangeiro é entregar uma riqueza que poderia ser revertida em avanços na saúde, educação e outras áreas essenciais".

De acordo com Maria Rita, "o governo golpista não só quer entregar esse patrimônio como também reduzir os investimentos em saúde e educação". "Trata-se de um verdadeiro desmonte, que acontece sem que a maioria da sociedade se dê conta, pois tudo vem sendo feito de forma atropelada, para tentar evitar a reação. Mas vamos reagir e ir adiante nessa luta, porque o que é público tem que ser para todos", acrescentou.leia mais

Por: Rede Brasil Atual

domingo, 28 de agosto de 2016

Adeus, democracia. Volte logo


Ela está quase porta afora.

Expulsa de casa pelos seus filhos mais pródigos: os políticos e o Ministério Público, que assumiu, sob o reinado de Sérgio Moro, a autoridade formal sobre o país, usando a Polícia Federal como sua guarda pretoriana e a mídia como sua legião romana.

A legalidade democrática vai embora, finalmente, de nosso país, depois de ter voltado, a duras penas, três décadas atrás.

Entramos num processo do qual não sabemos o fim.

Se uma presidenta eleita não teve firmeza para resistir às pressões dos políticos e dos mercados, aceitou seu jogo de chantagens e seu programa recessivo, como resistirá um governante que chega ao topo do poder à custa do compadrio generalizado e com a promessa de cortar e cortar a ação de um Estado que já é tímido e omisso em tantas das necessidades do povo brasileiro?

Os políticos e os partidos parecem não se dar conta disso, acostumados a ler a realidade através do que diz a mídia e o mercado.

Existe um outro Brasil, o qual esta gente não apenas despreza, mas que não compreende.

Que corre por debaixo, como um rio subterrâneo, da casca de realidade aparente.

Nos governos petistas, este Brasil ensaiou aparecer à superfície. Vai submergir, outra vez, sabe Deus por quanto tempo.

A destruição de Lula, que foi sua referência, é, por isso, o alvo central do projeto excludente e reacionário que volta, reconheçamos, porque as portas a ele foram abertas quando se adotou a lógica econômica anticrise que nunca funcionou e nunca funcionará, porque o Brasil não pode conviver com o atraso e a exclusão dos que pensam nele como um país para 30 ou 40% de seu povo.

Esta movimentação invisível, surda, oculta, cedo ou tarde vai aparecer e, quando aparece, é uma torrente que arranca pedaços das margens institucionais em que se tenta conte-la.

Ninguém, muito menos eu, sabe de que forma isso irá ressurgir, porque a natureza dos povos tem muito de insondável.

Os líderes são sempre menos que as massas que lideram, mas são catalizadores indispensáveis às transformações que elas geram.

Que os nossos, os que sobrevivem e os que virão, tenham a sabedoria de entender que não é deles a força, mas é do povo.

Estamos um pouco mais céticos, mas isso é bom.

Sabemos que a democracia não voltará pelas mãos dos que as enxotaram e que é preciso não perdê-la de vista, para que ela possa voltar.

Porque a causa conservadora, a que reduz o Brasil a um país chinfrim e seu povo a apenas uma parcela da população não pode viver muito tempo em presença de um regime que dá a toda a população o direito de exigir e o direito de decidir.

Por: Tijolaço

Homenagem a Cristovam: Temer suspende programa Brasil Alfabetizado


Assisti, com imensa tristeza, o papel desprezível de Cristovam Buarque, ontem, na inquirição das testemunhas no Senado.

Sinceramente, teria preferido se o senador tivesse, simplesmente, se escafedido até a hora de consumar seu gesto mesquinho de votar pela quebra da legalidade democrática apenas por seus rancores em relação ao PT, ao qual ele pertenceu e eu não.

Mas Cristovam não é apenas um covarde.

É alguém que quer glorificar sua pequenez.
Conseguiu.
In dubio pro societas, na dúvida favoreça-se a sociedade, disse ele na afetação intelectual com que a sordidez maquia-se.
A Folha de hoje grava sua testa a marca da traição ao que dizia ser.
A suspensão do Programa  Brasil Alfabetizado, decretada por Michel Temer e executada pelo ministro que ocupa a pasta da Educação – não é possível chamar Mendonça Filho de ministro da Educação, perdoem – é o estigma de Caim, a merecida homenagem ao sub-Alexandre Frota que Buarque se tornou.

Já minguante por conta dos cortes orçamentários que tomaram, no cérebro do senador, o papel de prioridade que ele dizia dar à Educação, foi totalmente interrompido, diz o jornal:

“Começamos a inserir os nomes dos alunos em maio, mas, no início de junho, o MEC avisou que o sistema tinha sido fechado”, diz Tereza Neuma, diretora de políticas de Educação de Alagoas.
“As aulas começariam em setembro, mas suspendemos o processo após o bloqueio, em junho”, afirma Janyze Feitosa, gestora local do programa em Pernambuco.
“Em 2016, devido à suspensão do Programa Brasil Alfabetizado pelo MEC, as atividades letivas ainda não tiveram inicio”, disse a secretaria de Educação do Ceará.
Os governos de Piauí, Rio Grande do Norte e Bahia também relataram redução e descontinuidades dessa ação.

Chega a doer ouvir o seu sotaque nordestino justificar, em latim, a sua opção por Temer.

Não há no mundo nenhuma língua, viva ou morta,  capaz de traduzir o seu papel com uma palavra melhor do que traidor.

Traidor da Educação, dos analfabetos, dos nordestinos, da democracia, do Brasil.

Seria melhor se fosse apenas um covarde.

Por: Tijolaço

Apesar de ironias, imagem 'para a história' da 'farsa ou golpe' pauta senadores

 Parlamentares pró-impeachment acusam adversários de tentar “aparecer”. Mas não é de hoje que o documentário de Anna Muylaert e os editoriais do "Le Monde" desvendam o processo de impeachment

 Brasília – A sexta-feira (26) foi tumultuada e os parlamentares fizeram um pacto de evitar confrontos acalorados daqui por diante. Mas as trocas de farpas não param e terminam sendo um dos principais pontos dos trabalhos no plenário hoje (27). Favoráveis e contrários ao impeachment se acusam mutuamente de tentar “aparecer para a mídia”. Ignorando que o que não falta no ambiente do Senado são câmeras – tanto das emissoras comerciais como da própria TV Senado, parlamentares pró-Temer tentam desqualificar a postura dos anti-impeachment. Alegam, que estariam motivados pela equipe da cineasta Anna Muyalert – diretora do filme Que Horas Ela Volta, que prepara documentário sobre os dias de Dilma Rousseff que antecederam à votação final.

Na verdade, a equipe da cineasta trabalha há várias semanas em Brasília. No dia em que parte da reportagem da RBA viajou à capital federal para entrevistar a presidenta no Palácio das Alvorada, em 6 de julho, Anna Muylaert e seu grupo estavam no mesmo avião que partiu de São Paulo. Dias depois, em outro evento, ela contou à reportagem sobre o projeto em andamento.

As críticas dos senadores mencionam palavras como “desespero” por ambos os lados e até comentários em tons diferentes sobre o editorial do jornal francês Le Monde, que chamou o processo de impeachment de “golpe ou fraude”.

Embora nos encontros reservados dos gabinetes e nas mesas do cafezinho o ambiente seja outro e todos se cumprimentem – algumas vezes, até, de forma acalorada – o clima levou até mesmo o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, a se desgastar e reclamar da diferença de estilo dos parlamentares em relação aos magistrados. Lewandowski confessou ao microfone, durante a sessão e depois, no intervalo, que estaria ficando cansado de pedir para ser respeitada a ordem dos trabalhos.

Na manhã de hoje, o início das divergências começou quando o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), que desde a quinta-feira só tem chamado o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) e as senadoras Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) de “meninos e meninas”, numa forma provocativa, disse que gostaria de pedir calma aos três. E acrescentou que estava achando um absurdo ver os parlamentares que apoiam a presidenta Dilma Rousseff, em vez de se aterem ao julgamento, demonstrarem maior preocupação com o documentário.

“Vejo muitos senadores aqui atuando quando chegam a esse microfone, como se fossem atores que estivessem carregando scripts embaixo do braço”, acusou. Cunha Lima também lembrou o confronto acalorado observado ontem (quando Renan Calheiros discutiu publicamente com Gleisi Hoffmann) e afirmou que estava pedindo calma aos colegas para evitar que o mesmo se repetisse, sobre o qual disse: “nem quero mais comentar como foi nem do que se tratou”.

“Então não comente”, rebateu de pronto Gleisi Hoffmann. Em seguida, mesmo com todos sabendo que o ponto nevrálgico da polêmica partiu da irritação dos senadores com a fala de Gleisi, na quinta-feira, de que nenhum senador tinha condições morais para votar o processo de impeachment, Fátima Bezerra (PT-RN) resolveu retomar a frase – embora de maneira mais amena.

‘Estatura ética’
Fátima aproveitou a deixa para afirmar que não via, entre vários dos senadores presentes, o que chamou de ‘estatura ética’ para condenar Dilma. "A agenda do golpe é a agenda da destruição de direitos, de sonhos, de esperanças", acrescentou, ao fazer perguntas ao ex-ministro da Fazenda Nelson Barbosa e chamar o processo de impeachment sem crime de responsabilidade de “infâmia contra a presidenta”.

Professora experiente, que saiu das salas de aula para a política, Fátima disse ainda que a presidenta Dilma, ao editar os decretos de crédito suplementar, “o fez dentro da legislação em vigor e para garantir as atividades de ações importantíssimas do governo na área da Educação”. "Foi para ajudar a manter as universidades federais, as escolas técnicas, a qualificação dos professores", afirmou, acrescentando que "há um golpe em curso e um ministro biônico da Educação que está promovendo um verdadeiro desmonte das políticas do setor".

Jorge Viana (PT-AC), por sua vez, observou que considera no mínimo estranha a preocupação dos senadores com o filme que está sendo produzido.

“Vocês culpam os petistas e demais parlamentares contrários ao impeachment pelas brigas, dizem que os petistas estão representando, mas quero lembrar que a imprensa do mundo inteiro está aqui. E lembrar mais: que durante o golpe de 1964, a imprensa internacional chegou a pedir desculpas ao Brasil por ter feito a cobertura de um golpe militar no país. Os repórteres internacionais não estão apenas registrando a fala dos petistas nem dos outros senadores contrários a esse processo, não. Estão registrando a conduta de todos nós”, ressaltou. leia mais

Por: Rede Brasil Atual

No pódio da desfaçatez: o ouro vai para...?

Com tantos escândalos de corrupção aparecendo e desaparecendo da mídia, parece que as principais figuras da direita estão disputando o pódio da desfaçatez

A crise aberta no Judiciário brasileiro, com as acusações do ministro Gilmar Mendes ao Ministério Público, de abuso de autoridade, vazamentos e apologia de métodos ilegais na obtenção de provas da Lava Jato –  respondida com dura nota da AMB, a Associação de Magistrados Brasileiros (confira a íntegra) - adicionou nitroglicerina pura ao ambiente já tenso da política nacional, na semana decisiva do processo de impeachment da Presidenta Dilma Rousseff.

Uma capa leviana – mais uma – da revista Veja, lançando injustificável sombra de suspeita sobre o ministro do STF, José Antonio Dias Toffoli, motivou o bombardeio de Gilmar Mendes. A toga mais falante do país morde o próprio rabo, porém, ao criticar – corretamente – o abuso do método e do poder ilimitado do juiz e dos procuradores da Lava Jato.

‘São cretinos os que defendem o uso de meios ilícitos na obtenção de provas; no limite vamos admitir a tortura de boa fé?’, fuzilou o ministro do STF. Aplausos merecidos. Exceto por um detalhe: a condenação se aplica a boa parte do que tem sido as ações cometidas pelo aparato de Curitiba contra integrantes do PT e do governo, incluindo-se o ex-presidente Lula e a presidenta Dilma.

O fato de Gilmar sentir-se confortável no convívio com ilegalidades dessa natureza, ou piores, enquanto a vítima eram os ‘vermelhos, os bolivarianos’, escancara os fios esgarçados do Estado de Direito na antessala de se cometer a maior de todas as transgressões dessa série: a cassação de uma Presidenta honesta, vítima de uma aliança da mídia com a escória, o dinheiro e o judiciário partidarizado. Leia mais

Por: Carta Maior

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Quanto custa o oligopólio midiático?

É por meio da asfixia econômica que se pretende calar as vozes dissonantes que vêm, neste momento, denunciando o golpe no país.
 Mais um capítulo da campanha do oligopólio midiático contra a mídia alternativa. A batalha “David contra Golias”, conforme cunhou o professor Venício Lima, parece não ter fim.

Na última semana, em uma série de reportagens assinadas pelo jornalista Fernando Rodrigues, o Portal UOL divulgou os números da publicidade federal nos veículos de comunicação.

O destaque dado às manchetes fala por si:
“Em 2015, ano de cortes, publicidade para mídia alternativa cresceu 40%” (UOL, 06.07.2016), “Governo cortou R$ 206 milhões em publicidade da TV Globo em 2015” (UOL, 06.07.2016) e “Dilma cortou R$ 591,5 milhões do gasto com propaganda federal em 2015” (UOL, 06.05.2016).

As cifras da SECOM, também:

Apesar da queda em 24,1% dos investimentos em publicidade (de R$ 2,4 bilhões em 2014 passou a R$ 1,8 bilhão em 2015), os valores destinados ao oligopólio impressionam.

Gasta-se uma fortuna em recursos públicos no financiamento de um pequeno grupo de empresas.

Um oligopólio que, em uníssono, reverbera o mesmo discurso, fortemente partidário e comprometido com os interesses de uma minoria da população, a elite econômica e financeira do país.

Vide o golpe armado, do qual são protagonistas.

Por outro lado, considerando as cifras em jogo, investiu-se uma parte irrisória com publicidade em dezesseis veículos da mídia alternativa. Uma mídia que dialoga com parcela expressiva da população brasileira: aquela que vem votando em governos progressistas desde 2002.

Segundo dados da SECOM, em 2015, dezesseis sites e blogs progressistas receberam investimentos da ordem de R$ 10 milhões em publicidade do Governo Federal. Entre 2000 e abril de 2016, a soma desses investimentos totalizou R$ 61,7 milhões (confira a tabela do UOL).

Vale destacar que essas mídias pagam comissão de 20% para as agências de publicidade, portanto, na verdade, o valor líquido recebido foi de R$ 49,3 milhões, em dezessete (17) anos, ou seja, entre 2000 e abril de 2016, considerando os dados da matéria do UOL.

Com esses números em mente, vejamos as cifras dos repasses à oligarquia midiática brasileira:

Portais e jornais

Nos últimos 17 anos, o total investido em apenas sete portais da mídia oligárquica -  UOL, G1, Terra, iG, MSN, R7, Yahoo! – chegou a R$ 531,9 milhões. Em 2015, esses sete portais receberam R$ 71,2 milhões (confira a tabela do UOL)

Impressiona, também, o valor da publicidade gasta nos quatro principais jornalões do país cujo discurso, francamente, é de um alinhamento partidário impecável. Basta ver as estatísticas do Manchetômetro, a ferramenta que mostra quão partidária é a imprensa brasileira.

Em 2015, a Folha de S. Paulo contou com R$ 13,6 milhões (R$ 5,5 milhões apenas no online) em contratos de publicidade; O Globo, R$ 12,8 milhões (R$ 3,7 milhões no online); O Estadão, R$ 10,8 milhões (R$ 3,4 milhões no online); e o Valor Econômico, R$ 9 milhões (R$ 1,1 milhão no online).

Se fosse possível comparar, poderíamos dizer que o pensamento único expresso, muitas vezes com as mesmas manchetes, pelos jornais Estadão, Folha e Globo, recebeu dos cofres públicos R$ 37,2 milhões. Esse valor equivale ao triplo do que recebeu o pluralismo político (artigo 1º, item V, da CF) garantido pelos dezesseis veículos da mídia alternativa. Leia mais

Por: Carta Maior

sexta-feira, 3 de junho de 2016

Fernando Rosa: Adivinhem quem (outra vez) está vindo nos jantar


O sinal vermelho acendeu para o Departamento de Estado dos Estados Unidos. Patronos do “golpe dentro do golpe”, como definiu o cientista Miguel Nicolelis, estão assustados com a reação do povo brasileiro.

Por Fernando Rosa, no blog O Cafezinho

Tio SamTio Sam Imaginavam que o assalto ao poder seria fácil, mas as coisas não funcionaram como esperavam. A presidenta Dilma Rousseff reagiu ao golpe, a sociedade civil se levantou e o povo está indo às ruas. E, o pior para eles, a mídia internacional identificou o golpe como golpe. E já sinaliza que se trata de um golpe patrocinado por eles.

“Meu receio é que existem dois golpes misturados um com o outro. O golpe de uma classe de gangsters que está tentando escapar da cadeia, que é o primeiro nível do golpe, representado principalmente por setores do PMDB, mas tem o segundo bloco, que tem basicamente uma agenda de destruição da soberania nacional. Com a entrega não só de recursos naturais e de “assets” do estado, mas o total desmantelamento da indústria, da ciência, da educação, de tal maneira que o Brasil se perpetue como um estado vassalo”, definiu o cientista Miguel Nicolelis em entrevista ao site Brasil 247.

O “recibo” americano do fracasso do golpe “brando”, “constitucional”, judicial torna-se concreto com a indicação de um novo embaixador para o Brasil. Nesta quinta-feira, Obama enviou ao Senado a indicação de Peter McKinley como embaixador no Brasil. Veterano diplomata, ele foi chefe de missão no Peru e na Colômbia e atualmente dirige a delegação americana no Afeganistão. A sua experiência indica sem qualquer margem de dúvida o que os Estados Unidos esperam do Brasil nesses próximos meses. Sacaram que haverá resistência, e grande, e pretendem dar o tratamento padrão americano.

Em matéria da agência Sputnik News, o professor da Universidade Russa de Humanidades, Mikhail Belyat afirmou que a nomeação do novo embaixador norte-americano está relacionada, primeiramente, com a mudança do quadro político no Brasil. Para ele, “a principal missão do novo embaixador dos EUA no Brasil será ajudar o governo de Michel Temer a resolver a crise política no país”. Segundo a agência, “a Casa Branca disse unicamente que confia “na durabilidade das instituições democráticas” do país “para superar a agitação” ocasionada pelo processo contra Dilma.

A indicação do novo embaixador é apenas mais uma “pista” sobre o que estamos vivendo no país, e que a maioria dos políticos insiste em ignorar. É a sequência de uma série de fatos que iniciaram com as escutas telefônicas da NSA, seguiram com a indicação da embaixadora Liliana Ayalde, em 2013, vinda do Paraguai, logo após o golpe naquele país. A isso, somaram-se a aproximação com Cuba, depois a recente visita de Obama a Argentina, seguida da autorização do presidente Macri para instalação de bases americanas no território argentino. É o Império operando a sua geopolítica na América do Sul

A visita de Aloysio Nunes a Washington logo após a afastamento da presidente do Brasil pela Câmara dos Deputados é o batom na cueca da conspiração golpista. “Ele tinha reuniões agendadas com diversas autoridades, incluindo Thomas Shannon, do Departamento de Estado”, escreveu Mark Weisbrot, no HuffingtonPost. Segundo Weisbrot, “Shannon tem um perfil relativamente discreto na mídia, mas ele é o número três no Departamento de Estado”. “Até mais significativo neste caso, trata-se da pessoa mais influente na política do Departamento de Estado dos EUA para a América Latina”, completa ele.

Aos dirigentes das forças políticas nacionais, diante de tamanhas evidências, resta abrir os olhos antes que sejam catalogados como irresponsáveis diante da história. O Estado nacional está sendo agressivamente atacado, mesmo que não se ouça o barulho dos bombardeios comuns em outros países. Não se trata apenas de um ataque interno à democracia, mas da destruição das estruturas do Estado, construídas na Era Vargas, durante os governos militares e nos Governos Lula-Dilma. Um ataque ao Brasil do Brics, ao Brasil independente econômica e comercialmente, ao Brasil protagonista mundial, ao Brasil soberano em petróleo, água e outras riquezas naturais.

É hora, portanto, de ampliar a denúncia sobre o caráter do golpe de estado, indo além da mera luta intestina, que se acirra com os verdadeiros golpistas tentando expelir os hospedeiros do golpe – o PMDB. É preciso unir em uma ampla Frente Popular, Nacional e Patriótica, além das esquerdas e do movimento popular, as Forças Armadas comprometidas com a defesa do Pré-Sal, da Amazônia Azul e com o submarino nuclear, os empresários nacionais, simbolizados em Marcelo Odebrecht e sua resistência. O Brasil não é o Iraque, a América Latina não é o Oriente Médio. O Brasil é maior do que o golpe. Mas precisa saber contra quem está lutando.

Fonte: Portalvermelho 

Lei manda que EBC faça comunicação pública, e não governamental'

 
São Paulo – Em nota pública divulgada hoje (2) em seu site na internet, o Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação “saúda a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli, que nesta quinta-feira deferiu liminar em favor do mandato do presidente da EBC, Ricardo Melo”.

Em sua decisão liminar, Toffoli afirmou: “Observo da leitura dos dispositivos – expressos quanto à existência de mandato ao diretor-presidente pelo período de quatro anos e expresso também quanto às hipóteses de destituição do cargo (dentre as quais não se insere a livre decisão da presidência da República) – que há nítido intuito legislativo de assegurar autonomia à gestão da Diretoria Executiva da EBC, inclusive ao seu diretor-presidente” (leia íntegra da decisão no link abaixo).

Melo foi exonerado em 17 de maio pelo presidente interino, Michel Temer, que nomeou o jornalista Laerte Rimoli para o cargo no dia 20. Com a decisão do STF, Melo pode reassumir seu mandato, de acordo com o previsto na Lei nº 11.652/2008, que rege a EBC.

Na nota (leia aqui), o Conselho Curador lembra que, na terça-feira (31), em reunião plenária, “o colegiado fez um apelo para que o Judiciário se manifestasse, ‘na urgência que as circunstâncias exigem para que todos possam contribuir para a construção e o fortalecimento de um Brasil melhor, com uma comunicação mais democrática’”.

Membro do Conselho Curador desde agosto de 2015 (indicado por mais de 50 entidades da sociedade civil, candidato mais votado e nomeado pela presidência da República a partir de uma lista tríplice), o jornalista Venício Artur de Lima reafirma a posição da nota, dizendo que é preciso respeitar a lei e portanto “garantir a independência e autonomia da empresa para que ela faça comunicação pública, e não comunicação governamental”.

Porém, Venício reconhece que, “embora interino, provisório, ilegítimo, nada impede que esse governo vá adiante e publique uma medida provisória que modifique a lei”.

Segundo ele, a polêmica em torno do veto à palavra “presidenta” na EBC, por determinação do governo, “é a menor questão” entre as novas regras na empresa, como “uma mudança clara de orientação do trabalho de jornalistas”.

 

Qual sua avaliação sobre o processo envolvendo a EBC a partir da posse de Temer?

O Conselho Curador, logo que circulou a notícia de que eventualmente poderia acontecer a exoneração do presidente, se manifestou contrariamente, dizendo que seria um desrespeito à lei. Minha posição coincide completamente com a posição do conselho. Fiz parte da decisão, votei pela aprovação das notas. Na nova nota sobre a decisão do STF, o conselho aplaude a decisão do ministro Toffoli.

O que o sr. destaca na decisão de Toffoli?

Desde a discussão que ocorreu em 2007, 2008, para a transformação de uma medida provisória enviada pelo governo Lula ao Congresso, que criava a EBC, a preocupação era garantir a autonomia da empresa, em relação ao governo e ao mercado, e sua independência, e fazer não coincidir os mandatos de presidente da empresa com os mandatos do presidente da República. Exatamente para que a empresa não ficasse sujeita à interferência direta do governo eventual, qualquer que fosse. Essa era uma preocupação desde a discussão para a criação da empresa.

O parágrafo 2° do artigo 19 da lei diz explicitamente que o mandato do presidente da empresa é de quatro anos. Ricardo Melo foi indicado nos termos da lei. A exoneração de Ricardo Melo foi um flagrante desrespeito à lei, cuja determinação básica é garantir a autonomia da empresa, para que ela possa fazer comunicação pública.

Já que a medida provisória equivale a uma lei ordinária, a partir da decisão de Toffoli o governo interino não poderia reagir editando uma nova MP, mudando a lei?

Claro que pode. A MP teria que ser aprovada no Congresso. Espero que isso não aconteça, mas se acontecer ficará absolutamente claro que a intenção do governo é interferir na autonomia da empresa. E isso contraria o artigo 223 da Constituição, cujo caput prevê  “o princípio da complementaridade dos sistemas privado, público e estatal”. A lei que criou a EBC é a expressão desse artigo, na medida em que cria um sistema público e procura garantir sua autonomia.

O Conselho Curador tem como função principal, definida na lei, garantir o cumprimento dos princípios e objetivos da lei. Desde que estou no conselho sua preocupação básica tem sido, como manda a lei, garantir a independência e autonomia da empresa para que ela faça comunicação pública, e não comunicação governamental.

Fazendo uma analogia, o coordenador da Federação Única dos Petroleiros, José Maria Rangel, disse que o governo “não tem juízo,” já que mexe em  coisas complexas como a Petrobras, sendo interino. Esse raciocínio é aplicável à EBC?

Prefiro não fazer comparação. Mas a questão aqui é o cumprimento da lei. No caso da exoneração do presidente da EBC, foi tão evidente que o mandado de segurança impetrado pelo diretor-presidente exonerado foi acolhido, pelo menos liminarmente, pelo Supremo Tribunal Federal. Agora, embora interino, provisório, ilegítimo, nada impede que esse governo vá adiante e publique uma medida provisória que modifique a lei.

Não dá para confiar no Senado. Só nas ruas!


Parece que bateu o desespero nos golpistas, o que só confirma o novo apelido de presidente interino: "Michel Treme". Nesta quinta-feira (2), a tal "comissão especial do impeachment" do Senado decidiu reduzir em 20 dias o prazo para a tramitação do processo contra Dilma Rousseff. Com esta manobra, a votação final do estupro à democracia poderá ocorrer em meados de julho. A defesa da presidenta democraticamente eleita pelos brasileiros já anunciou que recorrerá da decisão, ilegal e arbitrária, no Supremo Tribunal Federal. Este golpe dentro do golpe revela que Michel Treme se borra de medo da onda crescente de protestos na sociedade e da possibilidade de vários senadores alterarem seu voto na discussão do mérito, afastando o golpista e garantindo o retorno de Dilma Rousseff.

Na semana passada, o relator do impeachment, o tucano Antonio Anastasia – mais sujo do que pau de galinheiro –, já havia encurtado o tempo de defesa da presidenta Dilma e de discussão no Senado, fixando a votação final para 2 de agosto. A pressa para a concretização do golpe, porém, não foi suficiente para acalmar os golpistas. O novo prazo fere todas as regras. "É uma violação ao que foi decido pelo STF e uma violação ao direito de defesa da presidenta. É uma profunda irrazoabilidade porque nos deram 20 dias para a apresentação da defesa. Há que se ter, racionalmente, mais prazo para as alegações finais. É a parte mais importante porque se dá após a produção de provas", argumentou o ex-ministro José Eduardo Cardoso, responsável pela defesa de Dilma.

O desespero dos golpistas

A pressa na consumação do "golpe dos corruptos" tem várias razões. O governo ilegítimo de Michel Treme está se esfarelando rapidamente. Irritado, o Judas até tem dado socos na mesa. Em menos de 20 dias, ele já perdeu dois ministros – o gatuno Romero Jucá, que confessou que sua missão no governo seria a de "estancar a sangria" da Lava-Jato, e o "abafador" Fabiano Silveira, que já orientou vários corruptos com "pendências judiciais". Nesta quinta-feira (2), outro golpista foi defenestrado da Empresa Brasil de Comunicação, com a decisão liminar do STF de respeitar a autonomia da EBC e de garantir o retorno à sua presidência do jornalista Ricardo Melo. Pela decisão, a TV Brasil ainda poderá virar um palanque macartista e truculento dos golpistas, a TV Temer.

O acelerado desgaste do governo golpista, que assaltou o Palácio do Planalto com uma leitura errada sobre os ventos na política, tem gerado dúvidas entre os senadores que agora analisarão o mérito do impeachment. Nos últimos dias, a própria mídia privada, que apostou as suas fichas na conspiração, tem alertado que podem ocorrer mudanças surpreendentes na votação do Senado. Segundo relato da Folha tucana, "as turbulência do governo interino de Michel Temer (PMDB) enfraqueceram o apoio de senadores ao impeachment da presidente afastada. No atual cenário, considerado imprevisível pelos congressistas, cresce a expectativa por novas eleições, e um eventual aceno de Dilma pela convocação de novo pleito ajudaria os indecisos a optarem por garantir o seu mandato".

A lista dos senadores indecisos

O jornal da famiglia Frias, com longa experiência em conspirações, lembra que o processo de impeachment foi aberto com 55 votos favoráveis, 22 contrários, três ausências e uma abstenção. Para que seja aprovado o afastamento definitivo de Dilma Rousseff, serão necessários 54 votos. Até notórios golpistas estão apreensivos com o desfecho da trama. O senador Álvaro Dias, o tucano que se travestiu de verde (PV-PR), já reconhece que "as turbulências vão provocando temeridade". Já o gaúcho Lasier Martins (PDT) afirma que "estamos em cima do fio da navalha. A inclinação é mínima de um lado ao outro, e vai se decidir com uma diferença de dois votos". Até já circula na mídia golpista um ranking dos "indefinidos" na votação final do impeachment. Vale conferir:

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1- Benedito de Lira (PP-AL)

2- Edison Lobão (PMDB-MA)

3- José Antonio Reguffe (sem partido-DF)

4- Fernando Collor (PTC-AL)

5- Hélio José (PMDB-DF)

6- José Maranhão (PMDB-PB)

7- Marcelo Crivella (PRB-RJ)

8- Roberto Rocha (PSB-MA)

9- Wellington Fagundes (PR-MT)

10- Acir Gurgacz (PDT-RO)

11- Cristovam Buarque (PPS-DF)

12- Omar Aziz (PSD-AM)

13- Raimundo Lira (PMDB-PB)

14- Antonio Carlos Valadares (PSB-SE)

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O risco de cretinismo parlamentar

Esta lista, porém, não deve iludir nenhum defensor da democracia no Brasil. Afinal, os parlamentares nativos são muito susceptíveis às pressões – da mídia, da grana e das benesses do poder. Não custa lembrar que 24 dos 81 senadores em exercício (29,6%) respondem a acusações criminais no Supremo Tribunal Federal, segundo as contas do site "Congresso em Foco". O cenário é muito parecido com o da Câmara Federal, que obrou aquela sessão de horrores que deu a largada ao golpe – até o final do ano passado, 148 dos 513 deputados (28,9%) tinham pendências no STF. Neste sentido, mais uma vez, a batalha em defesa da democracia deverá ser decidida nas ruas. Os conchavos nos bastidores serão feitos – é inevitável –, mas sem ilusões com o cretinismo parlamentar.

Nos últimos dias, os protestos pelo "Fora Temer" e pelo "Volta querida" ganharam as ruas de todo o Brasil, numa energia contagiante e emocionante. A pressão popular inclusive forçou alguns recuos do governo ilegítimo, como na recriação do Ministério da Cultura e na falsa promessa de manutenção do "Minha Casa, Minha Vida" – o que só prova a fragilidade de Michel Treme. As frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo já têm vários atos agendados para este mês, que já está sendo chamado de "Junho Vermelho". O dia 10 de junho será uma data de mobilização nacional e unitária contra o "golpe dos corruptos", inclusive com paralisações parciais de várias categorias – como a dos petroleiros.

Somente as ruas servirão para constranger os senadores e o próprio STF. Apenas elas desmoralizarão os golpistas no Brasil e no mundo. Até alguns 'midiotas', que foram usados pela mídia golpista como massa de manobra das elites usurpadoras, poderão agora se penitenciar dos seus erros. A pressão das ruas é decisiva para o futuro da democracia e para a manutenção e avanço dos direitos sociais.
Altamiro borges 

segunda-feira, 11 de abril de 2016

ASSISTA: Entrevista Exclusiva de Glenn Greenwald com ex-Presidente Lula

A trajetória de vida do ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio “Lula” da Silva, é extraordinária. Nascido em extrema pobreza, Lula deixou a presidência em 2010, após exercer dois mandatos, com uma aprovação popular de 86%, sem precedentes, provavelmente destinado a desfrutar de um respeito quase universal no cenário do mundo e a ser lembrado como um dos maiores estadistas da História moderna. De forma similar ao caminho pós-governo seguido por Tony Blair e Bill e Hillary Clinton, Lula, desde o término de seu mandato, tem agregado um grande poder pessoal por meio de seus discursos e prestado serviços de consultoria a potências globais. O partido de esquerda moderada co-fundado por ele, Partido dos Trabalhadores (PT), já controla a presidência por quatorze anos consecutivos.

pesar disso, todo o legado de Lula agora está seriamente ameaçado. Um grave escândalo de corrupção envolvendo a empresa estatal petroleira do país, Petrobras, está inundando a elite econômica e política do Brasil, com o PT no centro de tudo isso. Protegida de Lula e sua sucessora escolhida a dedo, a ex-guerrilheira marxista e atual presidente Dilma Rousseff enfrenta uma ameaça real de impeachment (agora apoiado pela maioria dos brasileiros) e sua impopularidade, devido a uma recessão severa e difícil de tratar. Membros da alta cúpula do PT foram presos. Protestos de rua em massa, a favor ou contra o impeachment, se tornaram violentos recentemente, com agressões físicas cada vez mais comuns entre os manifestantes.
O próprio ex-presidente Lula foi citado na investigação criminal, levado coercitivamente pela Polícia Federal para interrogatório, acusado pelo ex-líder de seu partido no Senado de “comandar” um grande esquema de propinas e negociatas, foi alvo de grampos telefônicos feitos por investigadores que as gravações de suas conversas e acusado formalmente de receber e manter em presentes indevidos (incluindo uma sítio). Como resultado, seu índice de aprovação no Brasil caiu num primeiro momento, mas pesquisa divulgada ontem pelo Jornal Folha de S. Paulo revela que Lula divide com a ex-senadora Marina Silva (Rede) a liderança na corrida eleitoral para a presidência em 2018.

Graças ao forte apoio da maioria pobre da população brasileira, no cenário apresentado para 2018 Lula prevalece sobre outros políticos de destaque (os quais, em sua maioria, lutam contra acusações de corrupção), e acredita-se que ele vá concorrer à presidência novamente ao final do mandato de Dilma: seja em 2018, conforme esperado, ou mais cedo, em caso de impeachment ou renúncia da presidente. Nenhuma pessoa que tenha acompanhado a carreira de Lula – incluindo aqueles que querem vê-lo preso – pode descartar a possibilidade de que ele seja presidente do Brasil mais uma vez .

Lula nega veementemente todas as acusações contra ele e se considera uma “vítima” da classe plutocrática ainda poderosa no Brasil e de seus órgãos midiáticos, que moldam a opinião pública. Isso, embora a publicidade dos governos Lula e Dilma na mídia tenham ultrapassado a casa dos bilhões de reais.

Lula insiste que o PT está na mira por causa da inabilidade desses grupos em derrotar o partido ao longo de quatro eleições consecutivas, e do seu medo de que ele concorra e ganhe de novo. Há duas semanas, o The Intercept publicou uma longa matéria falando sobre o escândalo e sobre os perigos que ele traz à democracia brasileira, que escrevi com Andrew Fishman e David Miranda; na semana passada, publicamos uma versão condensada em um artigo de opinião na Folha de São Paulo. A conscientização de que o impeachment está sendo conduzido por, e iria beneficiar, políticos e partidos com acusações de corrupção muito mais sérias do que aquelas atribuídas a Dilma – que ainda não é formalmente processada -retardou o processo da campanha pró-impeachment que, apenas semanas atrás, parecia quase inevitável.

Na última sexta-feira, no Instituto Lula, em São Paulo, conduzi a primeira entrevista dada por Lula desde o recente surgimento dessas controvérsias. Discutimos sobre vários aspectos do escândalo de corrupção, da campanha pró-impeachment, das acusações contra ele, sobre o futuro dele e do PT na política e o papel da mídia dominante de direita no Brasil como incitadora de uma mudança no governo. Também discutimos as visões dele sobre uma série de outras questões políticas de debate acirrado, incluindo a nova lei brasileira antiterrorismo e espionagem, a guerra às drogas, as condições precárias do sistema prisional do país, os direitos LGBT, o aborto legal e o papel de grandes empresas como doadoras de campanha durante eleições no Brasil.

Conduzida em português, a entrevista de 45 minutos pode ser assistida abaixo; segue uma transcrição completa (a entrevista com legendas em português e a transcrição, também em português, disponível aqui):




Entrevista Exclusiva de Glenn Greenwald com ex-Presidente Lula from The Intercept on Vimeo.
Por  linkis

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Golpe é 'cavalo de tróia' para a implantação definitiva do neoliberalismo

Segundo Eduardo Fagnani, a sociedade brasileira não é mais aquela de 1954 ou 1964: se tiver impeachment, não haverá trégua, vai ter luta!

O golpe é o cavalo de tróia para a implantação definitiva do projeto neoliberal no Brasil. O alerta é do professor de Economia da Unicamp, Eduardo Fagnani, pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit) e membro fundador do Fórum 21, que representou a entidade no encontro dos artistas e intelectuais pela democracia com a presidenta Dilma Rousseff, nesta quinta (31), no Palácio do Planalto.

Para ele, o golpe não é um fim em si mesmo, mas sim a mais nova estratégia adotada pelo capital para viabilizar seu antigo propósito de meter as mãos nos recursos públicos protegidos pela Constituição de 1988. “Eles querem implantar aquelas mesmas medidas que não conseguiram na década de 1990, durante o governo FHC, e também nos três primeiros anos do governo Lula, quando o então ministro Antônio Palocci comandava uma equipe econômica vinculada ao mercado financeiro”, afirma.

O professor avalia que as elites brasileiras não acompanharam os avanços registrados pela sociedade  desde 1960. Conforme ele, essas elites ainda adotam as mesmas práticas predatórias do passado e não conseguem conviver com antagonismos. “Como em 1964, elas querem a derrubada do regime democrático. Elas não conseguem conviver com o estado democrático e, por isso, partem para sua destruição e dissolução, o que ocorre através do golpe, ilegal e ilegítimo”, acusa. leia mais )

Fonte  Carta Maior

sábado, 2 de abril de 2016

A ousadia descarada do cínico Sérgio Moro


Moro não cometeu simples 'erros' ao vazar escutas telefônicas; ele cometeu crimes com dolo, e deve ser tratado como qualquer cidadão quando pratica delitos

Jeferson Miola
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
“O fascista fala o tempo todo em corrupção.
 Fez isso na Itália em 1922, na Alemanha em 1933 e no Brasil em 1964.
 Ele acusa, insulta, agride como se fosse puro e honesto.
 Mas o fascista é apenas um criminoso, um sociopata que persegue carreira política. No poder, não hesita em torturar, estuprar, roubar sua carteira, sua liberdade e seus direitos.
Mais que corrupção, o fascista pratica a maldade.”

Norberto Bobbio, filósofo, jurista e pensador italiano.
 Em “A cura de Schopenhauer”, o psiquiatra e escritor norte-americano Irvin D. Yalom, ao analisar comportamentos psicopatas, se apóia na expressão iídiche “chutzpah”, que ele traduz como sendo “ousadia descarada, palavra sem uma correspondência exata em outras línguas, mas bem definida na história do menino que matou os pais e depois pediu clemência aos jurados por ser órfão”.

O Juiz Sérgio Moro, nos esclarecimentos remetidos ao juiz do STF Teori Zavascki sobre a interceptação e divulgação ilegal de conversas telefônicas da Presidente Dilma com o ex-presidente Lula, revela os traços de uma personalidade cínica, descarada. Ele parece o personagem saído do livro de Yalom – aquele que conscientemente assassina os pais e depois roga clemência e perdão do Tribunal por ser órfão!

Estamos dentro do vulcão da história, sugados na vertigem dos acontecimentos. Por mais afiadas que sejam as intuições e capacidades de análise, vários acontecimentos e fenômenos sociais relevantes escapam da compreensão imediata. Algumas experiências, por traumáticas demais, às vezes somente podem ser compreendidas na plenitude tempos após sua ocorrência.

Não temos o direito, porém, de menosprezar e subestimar os sintomas e sinais de uma engrenagem perigosa, de contorno claramente fascista, que está em movimento. O juiz Sérgio Moro – e também vários agentes públicos – são peças dessa engrenagem fascista de partidarização do Estado para aniquilar inimigos e adversários ideológicos.

Nas 31 páginas escritas ao STF, ele solicita “respeitosas escusas a este Egrégio Supremo Tribunal Federal” [sic]. Não dedica, contudo, uma única palavra de desculpas às vítimas da violência que perpetrou: Lula e Dilma. Ele, ao contrário, usa o calhamaço para atacar e tripudiar o ex-presidente Lula com ironias e insinuações.

Ele escreveu que “o propósito [da divulgação criminosa das conversas] não foi político-partidário” [sic], que “não teve por objetivo gerar fato político-partidário, polêmicas ou conflitos” [sic].

Mentira! Ele agiu de consciência e partidariamente para impedir a posse do ex-presidente Lula na Casa Civil e incendiar o país junto com a Rede Globo e a mídia golpista, que construíram uma narrativa canalha a partir de conversas coloquiais entre duas autoridades presidenciais.

Moro agiu com dolo, com consciência da lesão irreparável que causaria ao ex-presidente Lula e à Presidente Dilma. Com isso, ele não lesou apenas dois seres humanos, mas violentou a democracia, o Estado Democrático de Direito, a Constituição. Nas palavras do juiz do STF Marco Aurélio de Mello, ele “simplesmente deixou de lado a lei”, como fazem os justiceiros.

É incabível um pedido de desculpas do Moro. Ele deve, isto sim, ser suspenso do cargo de juiz e responder administrativa e funcionalmente no Conselho Nacional de Justiça e criminalmente no Poder Judiciário.

Moro não cometeu simples “erros” que poderiam ser desculpáveis; ele cometeu ilegalidades, abusos e crimes com dolo – e, por isso, deve ser tratado como qualquer cidadão/ã brasileiro/a quando da prática delituosa.

Moro até pode se livrar do julgamento e da condenação na Justiça, se for protegido por um corporativismo que emprega métodos que estão “nas origens do totalitarismo”, como diria Hannah Arendt.

Independente disso, Moro já está sendo julgado e condenado pela História.

Fonte : cartamaior

TICO SANTA CRUZ AO 247: “A INTERNET É O QUINTO PODER”


Líder do Detonautas, o compositor e vocalista Tico Santa Cruz diz, em entrevista ao 247, que a banda tem sido boicotada desde que ele tornou clara sua posição contra o impeachment da presidente Dilma, mas que isso não o intimida; também minimiza o fato de a maioria pedir o impeachment: "A maioria também já foi a favor do nazismo"; formado em Ciências Sociais, ele demonstra preocupação com a possibilidade de convulsão social caso Dilma seja afastada, mas diz acreditar que o impeachment não vai passar, mesmo com o desembarque do PMDB - "tem gente ali que é séria e vai segurar a debandada" - nem vai acontecer com Dilma o que aconteceu com Getúlio "porque na época não havia internet que é, hoje, o quinto poder"
1 DE ABRIL DE 2016 ÀS 17:47


Por Alex Solnik, ao 247 - Líder de uma das melhores bandas do país, que, mesmo sem ter espaço nos principais meios de comunicação bomba na internet ("Você me faz tão bem" com 10.035.710 visualizações; "O dia que não terminou", 5.845.835 visualizações), o compositor e vocalista Tico Santa Cruz diz, nessa entrevista exclusiva ao 247, que "Os Detonautas" tem sido boicotado desde que ele tornou clara sua posição contra o impeachment da presidente Dilma, mas que isso não o intimida.

O músico também minimiza o fato de a maioria pedir o impeachment: "A maioria também já foi a favor do nazismo". Universitário, formado em Ciências Sociais, ele acha que artistas do mainstream não se posicionam publicamente temendo boicote, mas longe dos microfones não é bem assim: "Eu já vi a Ivete Sangalo dizendo coisas como 'gente, cuidado, a política não é bem assim'", numa discussão sobre a presidente.

Preocupado com a possibilidade de convulsão social caso Dilma seja afastada, ele acredita que o impeachment não vai passar, mesmo com o desembarque do PMDB - "tem gente ali que é séria e vai segurar a debandada" - nem vai acontecer com Dilma o que aconteceu com Getúlio "porque na época não havia internet que é, hoje, o quinto poder".

Você é muito novo... quantos anos você tem?

Eu tenho 38.

Então, quando começou a "Nova República" você era um menino de oito anos...você nunca tinha visto uma confusão como essa de hoje, não é?

Cara, eu peguei o finalzinho do governo do Figueiredo e não tenho muitas memórias em relação a qual era o cenário político, lembro das movimentações das Diretas Já, dos meus pais comentando a respeito... mas a minha família não foi muito relacionada com a política mais militante, no campo da militância, assim, então, na verdade, toda a minha relação com a política vem de quando me comecei a interessar nas aulas de História e Geografia da escola e aí eu fui fazer Ciências Sociais na UFRJ em 97, na época das privatizações do governo Fernando Henrique. A minha faculdade sempre foi muito combativa e eu percebi que havia uma crise muito grave no Brasil... inflação alta... desemprego alto... fome... miséria...o governo sem conseguir dar rumo às questões sociais, embora estivesse ali dando os ajustes necessários econômicos.

Com Lula mudou alguma coisa?

Quando entrou o governo do presidente Lula eu durante muito tempo tive minhas críticas aos setores políticos do país, enfim, algumas críticas mais embasadas, outras imaturas, mas sempre acompanhei política, sempre estive próximo, sempre me considerei ativista dentro da área, depois que meu amigo de banda faleceu, foi assassinado aqui no Rio em 2006, eu me aprofundei um pouco mais nessa questão, sempre me considerei uma pessoa relacionada a causas humanistas, à questão dos direitos humanos e tudo o mais e aí, quando nesse ápice, que foi a reeleição da Dilma, em 2014 a coisa começou a tomar uma proporção um pouco perigosa, e eu percebi que setores que já tinham exercido o poder nos anos 90, e que não tinham sido positivos queriam voltar ao governo - não tinham sido positivos para a sociedade geral, e especialmente para as classes menos favorecidas, que são as que receberam mais atenção ao longo dos governos do PT. E naquele momento em que a opção era apenas a Dilma ou o Aécio ficou muito claro que não era vantagem nenhuma colocar o PSDB de volta no poder. Nesse momento foi que eu entrei para intervir, de alguma maneira, através das minhas redes sociais e da minha figura pública dentro desse cenário e aí eu entrei mesmo, de cabeça, nessa cena que a gente está vivendo agora, que é uma cena lamentável.

Por que "lamentável"?

O que eu observo é uma confusão generalizada por parte da sociedade que tem a indignação legítima com relação a milhões de problemas que o governo cometeu, milhões de casos de corrupção que não se restringem só ao governo, ao PT e essa confusão começa no momento em que "eles" escolhem um só e atacam esse único como se fosse o culpado exclusivo, ignorando o fato de que a gente vive num sistema político que é corrupto, que trabalha de forma corrupta, precisa de reformas políticas urgentes e infelizmente o PT acabou entrando também e fazendo parte disso, a gente não pode negar – e falta um pouco de autocrítica em relação a isso por parte do PT – mas não é essa a pauta. E nesse momento em que o PSDB perde a eleição e que o Brasil se divide, há uma rachadura entre as pessoas de todos os setores, a gente começa a ver claramente uma movimentação por parte desses setores mais conservadores, puxados pelo PSDB e por alguns setores do PMDB também, através do Eduardo Cunha e começam a fazer esse movimento de tentar travar o país dentro do Congresso Nacional, travar os movimentos necessários para tentar sair dessa crise na qual a gente acabou entrando.

Uma crise artificial ou verdadeira?

Artificial ou verdadeira, isso foi se agravando, agravando, agravando até chegar nesse limiar de tentar depor a presidente, presidente essa que não tem nenhum crime que possa justificar sua derrubada através do impeachment. Então, eu acho que é um período sombrio, é um período triste. A maioria das pessoas tem uma relação um pouco obscura com a política, primeiro porque criminalizam a política institucional; segundo, porque elas são guiadas por uma mídia seletiva, que só posiciona as notícias e comanda as informações de acordo com seus próprios interesses e, por fim, essa confusão entre a Lava Jato e a questão do impeachment que vai levando as pessoas a crerem que realmente a Dilma está sendo destituída do cargo por conta de algum crime relacionado com a corrupção, quando realmente não existe nenhum crime. Então, a gente vive tempos bem estranhos, assim, bem sombrios, eu não consigo visualizar um golpe como o que aconteceu em 64, a situação era diferente, tanto geopolítica quanto o cenário estrutural mesmo, mas é um golpe.

O que você acha dessa figura sinistra que só se veste de preto?

Naquele momento em que o Lula foi levado lá para o aeroporto de Congonhas...essa questão do Sergio Moro tem que ser analisada com os olhos bem críticos. Acredito que tem um viés aí, que é o viés que é a investigação da Lava Jato, onde ele sempre pendeu para um lado, figuras de outros partidos não têm o mesmo peso no martelo e eu acho que essa questão também do ego, da vaidade acaba sendo um fator determinante na vida de muita gente, embora isso possa ser só um viés psicológico, mas eu acho que o viés psicológico conta também nas escolhas, nas decisões, principalmente quando é influenciado pela opinião pública e esse viés psicológico fica muito evidente no momento em que o brasileiro depende um herói, quando existe essa crise de representatividade que a gente está vivendo, aonde as pessoas perguntadas quem elas colocariam no lugar da Dilma, no caso de uma derrubada do governo, elas não têm um nome para pôr e nesse momento abre-se espaço para figuras heróicas, o que é muito perigoso porque também abre espaço para o fascismo e a gente já vê alguns elementos do fascismo sendo semeados. A figura do Sérgio Moro preenche, no imaginário do brasileiro a figura do herói que está acima do bem e do mal. E ninguém está acima do bem e do mal. Nem o presidente Lula, nem a Dilma, nem o Moro tampouco.

O ego do Moro tem muito peso nisso tudo?

Eu acho que o problema todo nessa questão do ego, da vaidade é que quando ela se apossa da pessoa ela começa a agir guiada pelo ego e não mais pela razão. E aí a gente começa a perceber certas movimentações que são perigosas, até mesmo para a questão da República e da sanidade da população. Essa condução coercitiva do Lula, foi, no meu ponto de vista, uma questão já relacionada com a demanda da sociedade mais reacionária, mais conservadora que foi levada a acreditar que Lula é um bandido, é um criminoso, embora ele seja altamente investigado há tantos anos e não conseguem comprovar absolutamente nada e ainda assim ele se colocou à disposição para dar os depoimentos e foi conduzido de forma arbitrária para aquela situação onde, na verdade, se não tivesse havido uma força popular ali para poder impedir, certamente ele teria sido preso.

Você acha que a intenção era levá-lo para Curitiba?

Eu acho que a intenção ali era tirar uma foto do Lula preso. Eu acho que isso ficou um pouco evidente na medida em que depois, quando a poeira baixou, foi feita uma análise mais fria da situação e se viu que não existia motivo para a condução coercitiva. Os próprios juristas – eu tenho bastante contato com juristas – todos eles foram unânimes em dizer que aquela condução não tinha necessidade.

O mais estranho é que a mídia não investigou o que de fato aconteceu, não acha?

Os veículos de comunicação atendem a interesses muito particulares. E têm uma tendência de não deixar claro, ao menos para as pessoas que não se questionam a respeito dos acontecimentos. É evidente que eles trabalham para esses setores e a tese, se a gente tivesse no Brasil uma mídia mais democrática, no sentido da distribuição, sempre baseado por verdades e não por factoides, por fatos que são reais e eu acho que essa coisa da mídia ser sempre tendenciosa, naquele momento em que eu acho que foi um tiro no pé do Sergio Moro, o momento em que ele solta os grampos, envolvendo figuras que não estão sendo investigadas, envolvendo fatos que não são da alçada...

Ainda mais grampear uma presidente da República!

Jogam uma carta se garantindo não só nessa questão da imprensa que age de forma colaborativa, mas colocando em risco, sem dúvida nenhuma, a questão da soberania nacional. Porque houve um alarde gigantesco. Eu me lembro que o William Bonner chegou e disse que a imprensa não produz os grampos e, de fato, a imprensa não produz os grampos, mas a imprensa edita os grampos. Então, na medida em que edita, ela só mostra a parte que interessa.

Os jornalistas se apequenaram. E os que não seguem as diretrizes são demitidos, como aconteceu recentemente com Sidney Rezende, da Globo News.

As coisas estão ficando bem claras nesse sentido. No sentido de que existe um movimento bem forte, não só por parte da mídia, mas de alguns setores do Judiciário também. A gente vê que a OAB novamente embarca nisso, já havia cometido um erro histórico em 1964 e tenta embarcar nesse mesmo erro agora. É muito semelhante, mesmo, ao que aconteceu naquela época, e eu acho que essa garotada mais nova, que não tem essa vivência de um momento crítico, porque a galera que nasceu em 96, 97 e se tornou jovem em meados do ano 2000 e pegou um Brasil mais estruturado, óbvio, com problemas que sempre existiram, mas navegaram num mar mais tranquilo e, enfim não tem essa clareza histórica, de questionamento, de porque está acontecendo isso, quais objetivos estão por trás disso, sejam nacionais, sejam no âmbito mais geopolítico, de dominação da América Latina, dos setores mais conservadores que estão ligados a interesses americanos, do petróleo...

Não por acaso, o maior patrocinador desses movimentos de rua é o Grupo Ultra.

Eu acredito que há várias pessoas interessadas nessa mobilização. Deve ter bastante gente importante nessa organização, empresários... porque a cena transcende a nossa visão nacional para uma visão geopolítica internacional, a questão do petróleo e de outros interesses que estão envolvidos nesse tabuleiro de "War". São forças que sempre existiram e que sempre têm que ser combatidas de alguma forma. A gente observa que esse momento é o ápice dessa tentativa de conseguir sabotar a democracia. A presidente foi eleita, embora possa ter cometido equívocos, possa ter demorado para tomar decisões importantes, mas a questão da democracia está acima da questão ideológica e partidária. Uma vez que não tem crime não tem motivo para se mexer no Executivo.

Por que as pessoas estão acreditando em crime embora não haja?

Eu acho que fica difícil, para as pessoas que não entendem de política, que tratam a política como futebol, como se fosse um fla-flu, como se fosse uma coisa dicotômica, essa coisa binária – "quem é contra o impeachment é petista, é comunista" – discernirem as coisas. Faz parte do imaginário dessas pessoas essa questão de que quando você é contra o impeachment você está defendendo bandido, está defendendo corrupto, e isso é muito desagradável, é muito desgastante, principalmente para a gente que faz esse trabalho de tentar desconstruir essa narrativa. Eu faço esse trabalho na minha rede o tempo inteiro, tento mostrar para as pessoas que não é isso. Embora eu não seja petista, eu acho que agora é tentar barrar essa tentativa de golpe, eu estou usando todas as minhas forças para isso, é uma coisa que tem me causado um desgaste profundo, não só psicológico, mas físico e também um desgaste na minha família, entre meus amigos, um desgaste no meu trabalho, porque minha banda tem sofrido retaliação por conta disso, quer dizer, empresários que contratavam a banda e que eram simpáticos à banda começaram a não mais contratar shows...

Está acontecendo isso, é?

É um cenário bem cansativo na verdade. E eu me propus a ir até o final nessa luta contra o impeachment e quando a gente conseguir impedir esse impeachment, aí sim, tem que fazer uma autocrítica, não só a esquerda, mas o PT, o governo para chegar em 2018, porque realmente está complicado para todo mundo. Porque as pessoas se colocam em bolhas, e todo mundo se coloca nessa bolha de quem está a favor do impeachment e se engana. Porque se faz uma colocação como aquela achando que vai conseguir adesão e acaba tomando como resposta o contrário. Está todo mundo dividido. Tanto as pessoas que são favoráveis ao impeachment quanto as que não são.

As pessoas, na maioria, não sabem o que é impeachment. Porque o impeachment nunca chegou a acontecer. Collor renunciou antes de o processo chegar à terceira fase, que é o julgamento no Senado sob a presidência do chefe do STF.

E Collor nunca teve apoio popular... Além disso, uma coisa que tem que ser colocada na variável é a questão de uma convulsão social...e que as pessoas não estão levando em consideração. Eu venho fazendo esses alertas e tenho registrado tudo em vídeo. Minha rede tem um alcance muito grande. Algumas pessoas fazem muita chacota com essa questão, porque estão achando que são os donos do Brasil, que é uma coisa que muito me incomoda, como se o Brasil fosse deles. Quando as pessoas estão histéricas não conseguem agir com racionalidade. E a gente está vendo que a histeria é coletiva.

Publicações como a "Veja" têm culpa nisso?

A "Veja" virou uma publicação de ficção. Publica o que as pessoas gostariam que fosse verdade e não a verdade. Mas na internet também tem absurdos. Eu vi uma vez uma publicação do "Revoltados on line" fazem uma alusão à greve dos caminhoneiros que derrubou o Salvador Allende e colocando que era uma excelente estratégia porque resultou na ascensão do Pinochet. Uma coisa absurda! E isso tinha 50 mil compartilhamentos! Quer dizer, as pessoas estão reproduzindo conteúdos, não só da "Veja", como de outros lugares, de outras fontes que não têm nenhum compromisso com a história e as pessoas tomam isso como verdade. Eu sou uma das pessoas que sofro com essa coisa da divulgação de fatos falsos. "Detonautas" teve um projeto aprovado pela Lei Rouanet, em 2013, que não foi captado e as pessoas insistem em dizer que eu recebo pela Lei Rouanet, elas acham que a Lei Rouanet é um pagamento mensal feito pelo governo! Beira o ridículo! Quando você tem 300 pessoas repetindo isso no mesmo lugar é difícil reverter essa situação. As pessoas acham que eu recebo dinheiro do governo, que eu sou bancado pela Lei Rouanet!

Por que os artistas estão omissos?

Já há muitos anos, a classe artística – fora as raras exceções – não tem compromisso com nada, a não ser com seu próprio umbigo. Há vários artistas comprometidos, é, óbvio, mas eu me refiro ao mainstream. Os artistas que estão na rádio, na TV, que têm acesso aos grandes veículos de comunicação não se manifestam.

Você já ouviu a Ivete Sangalo, por exemplo, dizer alguma coisa?

A Ivete não fala publicamente, mas eu já ouvi a Ivete defender a Dilma. Não digo nem "defendendo a Dilma", mas colocando com cautela coisas como "gente, cuidado, a política não é bem assim"...eu já ouvi isso numa roda de artistas, onde as pessoas estavam conversando, e a coisa estava meio binária e ela se posicionou dessa forma. Mas eu não espero que o Luan Santana fale alguma coisa... que o Wesley Safadão fale alguma coisa...que duplas sertanejas importantes falem alguma coisa... porque eles temem retaliações. Não só retaliações em shows, mas em espaços de mídia também. É mais confortável e mais seguro para esses artistas de massa não se pronunciar. Porque quem se pronuncia, como Dinho, do Capital Inicial, tomam uma enxurrada de comentários negativos, de ofensas, e depois ele teve que se explicar. Alguns roqueiros se posicionaram fortemente, como Lobão e Roger, e, embora eu discorde da posição deles eu não renego a importância deles como artistas, eu acho positivo que se posicionem, mesmo que eu não concorde porque o que me ofende na classe artística é a omissão. É muito triste ver artistas que estão com medo em relação ao que possa acontecer.

Por que tua banda não está no mainstream?

A gente sempre foi marginal em relação ao cenário. O cenário engoliu a gente. Tudo o que o mainstream pôde fazer para afastar "Os Detonautas" ele fez. Mas não conseguiram porque hoje a gente tem a internet. O bloqueio que fizeram em relação ao "Detonautas" me permite um pouco mais de independência, porque o sistema nunca me deu espaço então eu também não devo nada a ele.

A Globo abre espaço para vocês?

A Globo já abriu espaços para a gente, a Globo sabe quem eu sou. Se a Globo abrir espaço para mim eu vou lá e vou falar. A menos que eles me proíbam de falar e então eu não vou. Mas eu não deixo de falar o que penso preocupado se vou ou não entrar na Globo.

O fato de parecer que a maioria seja a favor de derrubar o governo te preocupa ou intimida?

Claro que não. A maioria já foi a favor do nazismo, a maioria já foi a favor da escravidão, a maioria já foi contra o voto feminino, a maioria já foi a favor de muitas coisas que fizeram muito mal à humanidade. Nem sempre a maioria está no caminho certo.

Você é otimista em relação ao futuro?

Não sei se a palavra certa seria "otimista".

O que vai acontecer nos próximos meses? O que diz tua bola de cristal?

Eu vejo um cenário bem conturbado, bem revolto, essa movimentação pró-impeachment não vai ser tão tranquila assim... acredito que, se esse processo for adiante e passar para o Senado e a presidente for afastada vamos ter uma convulsão social, o que é, para mim, a coisa mais preocupante nesse momento, porque isso vai afetar a economia, vai afetar o quotidiano das pessoas. Isso é muito perigoso. Eu sei que os movimentos sociais não vão aceitar o impeachment de forma muito passiva. É o que eu tenho alertado sempre. Mas eu prefiro acreditar que a gente vai conseguir barrar o impeachment.

Getúlio ganhou o impeachment, mas continuou sendo pressionado até se suicidar...

É, mas não tinha internet naquela época. Não é mais uma narrativa única hoje. A internet, hoje, é o quinto poder. Se a mídia tradicional é o quarto, a internet é o quinto. E a gente está se articulando bem. Com a internet, eles não vão conseguir fazer o que fizeram com Getúlio, com Juscelino, com Jango...sou bastante otimista que a gente vai conseguir barrar isso aí, mesmo com o desembarque do PMDB...que é um desembarque patético, mas que já era previsto...o próprio PMDB está rachado, eles não vão sair como um todo. Tem gente ali que é séria e vai segurar a debandada.

Fonte: Brasil247